Projeto aprovado pelo legislativo poderá inviabilizar voos de helicópteros em Nova York
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 16/12/2022, às 16h20
Os voos de helicóptero em Nova York quase foram restritos através de um projeto que planejava coibir o uso de aeronaves nos transportes executivo, turístico e de translado para aeroportos.
O projeto S7493A, conhecido como Stop the Chop, queria reduzir as operações de helicópteros autorizando qualquer pessoa processar de forma direta operadores aéreos e seus funcionários.
Os esforços para restringir ou mesmo proibir voos de helicópteros não são novidade em Nova York, que há vários anos conta com grupos políticos e da sociedade civil que tentam banir as operações, especialmente em bairros como Manhattan e Brooklyn. A principal alegação é o elevado ruído gerado pelos voos, que muitos afirmam criar mal-estar e causar danos a saúde e ao bem-estar.
As reclamações aumentaram nos últimos dois anos, em especial pelo trabalho em home office e/ou híbrido, onde a maioria das resistências não contam com elevado grau de isolamento acústico, assim como o crescimento nos voos gerado pelo surgimento de serviços de viagens sob demanda, similar a ideia da Uber, mas voltado para transporte em helicópteros.
As principais associações da aviação geral e de helicópteros dos Estados Unidos, como a National Business Aviation Association (NBAA) e a Helicopter Association International (HAI), solicitaram que a governadora de Nova York, Kathy Hochul vetasse o projeto já aprovado pelo legislativo estadual, o que ocorreu hoje (16).
“Agradecemos o bom raciocínio do governador em vetar esta legislação”, disse James Viola, presidente e CEO da HAI. “O projeto de lei teria resultado em ações judiciais frívolas e tinha o potencial de afetar futuros operações de voo de aviação vertical também”.
Um dos temores, além de inviabilizar a operação comercial de helicópteros, era impedir o desenvolvimento do segmento de eVTOL, os veículos aéreos urbanos, que devem entrar em serviço nos próximos anos. Ainda que as novas aeronaves sejam elétricas, reduzindo consideravelmente a emissão direta de poluentes, o ruído gerado poderá ser ligeiramente menor, mas não será possível neutralizá-lo.
“O projeto de lei S7493A permitiria a qualquer pessoa processar um piloto, departamento de voo, pessoal de serviço de linha ou funcionário da empresa por suposta poluição sonora de aeronaves de asas rotativas por uma operação de voo no estado de Nova York, mesmo que a operação cumprisse as leis e regulamentos federais”, o acrescentou a HAI em nota.
Um dos temores da indústria era referente ao impacto do projeto na geração de mão-de-obra no estado de Nova York. Aproximadamente 43.000 pessoas trabalham de forma direta na aviação geral no estado, que injeta anualmente US$ 8,6 bilhões na economia.
“Este projeto de lei tem um impacto negativo que atinge Nova York”, destacou Brittany Davies, diretora regional do Nordeste da NBAA.
Caso o projeto não tivesse sido vetado, o Stop the Chop passaria a vigorar já no dia 24 de dezembro, na véspera de uma das semanas de maior movimento de helicópteros na cidade de Nova York.