Tremor foi causado durante um teste com seu mais novo porta-aviões, avaliado em R$ 87,34 bilhões
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 22/06/2021, às 13h00 - Atualizado às 15h56
Explosão submarina foi criada para verificar fragilidades no projeto do novo porta-aviões
Uma explosão de magnitude de 3.9 na Escala Richter foi causada pela marinha dos Estados Unidos (US Navy, na sigla em inglês), durante um teste de rotina do novo porta-aviões nuclear USS Gerald R. Ford (CVN-78).
O chamado teste de choque (Full Ship Shock Trials ou FSST) faz parte dos ensaios necessários para comprovar a capacidade do navio de sobreviver a ataques reais em caso de guerra.
Para validar a resistência do navio, a marinha dos EUA detonou 40.000 libras (18,1 toneladas) sob a água, em uma distância capaz de causar avarias potenciais em diversos sistemas. O objetivo é avaliar quais partes sensíveis do navio, como reatores nucleares, computadores, sensores, radares, sistemas de contramedida, entre outros, podem ser afetadas caso ocorra uma explosão similar conduzida por uma força inimiga.
Uma série de equipamentos foram instalados em toda a extensão do navio, em diversos pontos, para verificar quais áreas seriam mais vulneráveis em caso de guerra.
Os testes de choque são usualmente realizados com novos projetos de embarcações, como o caso do CVN-78, que é o primeiro novo projeto de porta-aviões da marinha dos Estados Unidos desde a classe Nimitiz, projetada no final dos anos 1960.
Entre a linha d'água e o topo do navio são quase 50 metros, note a altura da explosão ao fundo
O navio é o primeiro do tipo a ser projetado usando métodos avançados de modelagem de computador, contando com uma série de inovações, como catapultas eletromagnéticas, que substituem o sistema tradicional acionado por vapor. O projeto ainda recebeu novas tecnologias de materiais, processos de construção avançado, novos reatores nucleares, entre outros.
Os ensaios FSST são comuns em projetos militares, sendo necessários para comprovação da capacidade dos navios seguirem operando mesmo sobre forte reação inimiga. A marinha dos Estados Unidos realizou ao longo dos últimos trinta anos eis testes similares. O último envolvendo um porta-aviões ocorreu em 1987, quando o USS Theodore Roosevelt (CVN 71) passava por uma bateria de provas em alto mar.
O USS Gerald R. Ford (CVN-78) faz parte de uma nova classe de porta-aviões dos Estados Unidos. O projeto que prevê a construção de dez embarcações do tipo foi iniciado em 2006, utilizando as mais avançadas tecnologias de projeto, construção e materiais existentes. A intenção é substituir a totalidade dos atuais porta-aviões em serviço ao longo das próximas décadas. O programa tem um custo estimado de US$ 37,3 bilhões (R$ 186,16 bilhões).
O CVN-78 tem comprimento total de 337 metros, altura total de 76 metros e boca (largura) máxima de 78 metros. Os dois reatores nucleares A1B, produzidos pela Bechtel Corporation, fornecem autonomia de aproximadamente 25 anos de uso ininterrupto. Mesmo tendo um deslocamento de 100.000 toneladas o navio pode atingir velocidade máxima de 56 km/h. A bordo são acomodadas mais de 75 aeronaves, entre aviões de caça, de transporte, apoio aéreo, assim como helicópteros e tiltrotors.
Ainda que tenha sido lançado ao mar em outubro de 2013, o CVN-78 ainda está em fase de testes, com expectativa de ser entregue para a marinha nos próximos meses, após passar por um amplo processo de manutenção, atualização e modernização. Ao final, o custo do navio será de US$ 17,5 bilhões (R$ 87,34 bilhões).