A falta de profissionais vai na contramão do crescimento do mercado de manutenção de aeronaves
Por Marcel Cardoso Publicado em 02/09/2024, às 09h07
O mercado de trabalho em manutenção de aeronaves, especialmente no segmento de aviação de negócios, está aquecido no período pós-pandemia. Durante a crise sanitária, a aviação comercial apresentou estagnação, enquanto a demanda por aviões e helicópteros executivos aumentou, atendendo tanto viagens a trabalho quanto a lazer.
Esse segmento manteve um crescimento contínuo após a pandemia e, atualmente, estima-se que ele cresça até 20% ao ano. O crescimento ocorre tanto na compra e venda de aeronaves, novas ou usadas, quanto na busca por serviços de manutenção, hangaragem, peças e acessórios.
O ritmo de crescimento, no entanto, não é acompanhado pelo ecossistema da aviação de negócios. Empresas do setor têm enfrentado dificuldades na contratação de profissionais para diferentes áreas de atuação. A Solojet Aviação, por exemplo, possui mais de dez vagas abertas em diferentes segmentos, mas enfrenta dificuldades para encontrar profissionais qualificados.
As vagas em aberto na empresa incluem posições para estagiário, técnico e inspetor em manutenção aeronáutica, técnico especialista em aviônica, técnico em estrutura, analista em planejamento e controle de manutenção (PCP), e auxiliar de tapeceiro. Além disso, a empresa busca consultores de vendas de aeronaves, gerentes comerciais e gerentes operacionais.
“Houve um crescimento fora do comum na área depois da pandemia. Crescemos 30% em um ano, nossos concorrentes também estão crescendo, porém, com pouca mão de obra formada e especializada, não temos gente suficiente”, disse Celso Rocha, gerente de recursos humanos da Solojet.
O aeroporto de Jundiaí (QDV), onde está sediada a empresa, possui apenas uma escola de formação de mecânicos aeronáuticos. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) mostram que há 46 escolas de formação homologadas no Brasil. Das 633 oficinas homologadas pela entidade em todo o país, 189 estão localizadas no estado de São Paulo. Esses números atendem a um universo de pouco mais de 10.200 aeronaves executivas em operação no território nacional.