Lucro das empresas aéreas deve crescer 11% em 2025

A IATA prevê lucro de US$ 36 bilhões para as companhias aéreas em 2025, alta de 11% em relação a 2024

Por Marcel Cardoso Publicado em 02/06/2025, às 14h17

Projeção da IATA indica aumento na rentabilidade das companhias aéreas em 2025, impulsionado pela queda no preço do combustível e crescimento da demanda - Ministério dos Portos e Aeroportos

O setor aéreo global deve registrar lucro líquido de US$ 36 bilhões em 2025, um crescimento de 11% em relação a 2024, segundo estimativa divulgada pela Associação do Transporte Aéreo Internacional, a IATA, nesta segunda-feira (2).

Apesar da melhora, o resultado ficou levemente abaixo da previsão anterior de US$ 36,6 bilhões. A margem de lucro líquido das companhias aéreas deve alcançar 3,7% em 2025, frente aos 3,4% registrados no ano anterior. A receita total do setor será recorde, atingindo US$ 979 bilhões (R$ 5,59 bilhões), alta de 1,3% em relação ao ano anterior, enquanto as despesas somarão US$ 913 bilhões (R$ 5,2 bilhões), avanço de 1%. O lucro operacional deve chegar a US$ 66 bilhões (R$ 376,1 bilhões).

A IATA estima que o volume de passageiros transportados também atingirá patamar inédito: 4,99 bilhões, aumento de 4% sobre 2024. O transporte de carga deve movimentar 69 milhões de toneladas, alta de 0,6%, embora abaixo das projeções anteriores.

De acordo com Willie Walsh, diretor-geral da IATA, a redução de 13% no preço do combustível de aviação em relação a 2024 contribuiu para a melhora das projeções. O barril deve custar, em média, US$ 86 (R$ 490), totalizando uma conta de US$ 236 bilhões (R$ 1,34 bilhão) — 25,8% de todos os custos operacionais, uma redução de US$ 25 bilhões (R$ 142,5 bilhões) em comparação com o ano passado.

Walsh destacou, entretanto, que os desafios estruturais persistem. A lucratividade média das companhias aéreas segue abaixo da média de outros setores, e riscos relacionados a tensões comerciais, conflitos armados e volatilidade do petróleo podem impactar negativamente os resultados.

Entre os fatores que sustentam o crescimento em 2025 está a manutenção da demanda. Pesquisa realizada pela IATA em abril indicou que 40% dos consumidores pretendem viajar mais nos próximos doze meses, enquanto 47% planejam gastar mais com viagens. Ao mesmo tempo, a taxa média de ocupação deve atingir recorde de 84%, apesar das dificuldades na expansão e modernização das frotas, causadas por falhas na cadeia de suprimentos.

Em relação às receitas, o transporte de passageiros deve gerar US$ 693 bilhões (R$ 3,95 bilhões), alta de 1,6%, complementados por US$ 144 bilhões (R$ 820,7 bilhões) em receitas secundárias. A tarifa aérea média, ajustada pela inflação, deve ser de US$ 374 (R$ 2.131), representando uma queda de 40% em comparação a 2014. Por outro lado, os yields de passageiros devem cair 4% em 2025, refletindo a redução no preço do petróleo e a intensificação da concorrência.

O transporte de carga, porém, apresentará queda de 4,7% nas receitas, que somarão US$ 142 bilhões (R$ 809,3 bilhões). A desaceleração é atribuída ao enfraquecimento do crescimento do PIB global — de 3,3% em 2024 para 2,5% em 2025 — e ao impacto das políticas protecionistas sobre o comércio internacional.

A produção de combustível sustentável de aviação (SAF) deve dobrar em 2025, atingindo 2 milhões de toneladas. No entanto, o volume ainda representa apenas 0,7% do consumo total do setor. Segundo a IATA, o custo do SAF é atualmente 4,2 vezes maior que o do combustível convencional, impulsionado principalmente por taxas de conformidade impostas na Europa.

O custo do esquema internacional de compensação de carbono (CORSIA) para as empresas aéreas deve atingir US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) em 2025, com a Guiana sendo o único país a emitir certificados de alta qualidade para o programa.

O setor ainda enfrenta gargalos significativos na cadeia de suprimentos. As entregas de aeronaves devem atingir 1.692 unidades em 2025, o maior volume desde 2018, mas 26% abaixo das estimativas anteriores. Problemas em motores e escassez de peças mantêm cerca de 1.100 aeronaves novas fora de operação.

Na América Latina, o cenário é misto: enquanto algumas companhias prosperam, outras enfrentam dificuldades financeiras, principalmente pela desvalorização cambial, que pressiona custos denominados em dólar. A assinatura de Tratados de Céus Abertos pela Argentina tende a aumentar a conectividade, mas a proposta de imposto sobre passagens aéreas no Brasil (VAT de 26,5%) preocupa o setor. A região é a única com perspectiva de queda na lucratividade em 2025.

A IATA também alertou para o volume de recursos bloqueados por governos, que atinge US$ 1,3 bilhão (R$ 7,41 bilhões), embora represente uma redução de 25% frente aos US$ 1,7 bilhão (R$ 9,7 bilhões) registrados em outubro de 2024. Dez países concentram 80% desse montante, com destaque para Moçambique, que lidera a lista ao reter US$ 205 milhões.

Por fim, a associação reiterou que o fortalecimento da conectividade global depende da eliminação de barreiras à repatriação de receitas e da cooperação internacional para ampliar a oferta de SAF, reduzir custos e enfrentar desafios estruturais, como a crise na cadeia de suprimentos e as incertezas geopolíticas.

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