Equipamento brasileiro irá coletar dados ambientais na Antártica e foi transportado até o Chile por um KC-390 da FAB
Por André Magalhães Publicado em 04/10/2022, às 10h40
Um KC-390 Millennium da Força Aérea Brasileira (FAB) transportou até Punta Arenas, no extremo sul do Chile, o módulo Criosfera 2 que será usado por cientistas brasileiros. O laboratório automatizado irá coletar dados ambientais na Antártica.
O KC-390 da FAB pousou em território chileno na última quinta-feira (29). Agora serão instalados uma série de equipamentos científicos e só depois o módulo é embarcado em um avião para finalmente chegar na Antártica.
"O laboratório desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) integra o Programa Antártico Brasileiro (Proantar). A construção do módulo, que custou R$ 250 mil, foi financiada meio a meio por Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) e Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI)", publicou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
O módulo Criosfera 2 será instalado no centro da Antartica, sendo transportado por um avião com capacidade de operar em pistas de gelo. A montagem final do equipamento, no continente gelado, será realizada no próximo verão antártico, quando será realizada a 41ª Operação Antártica, que se inicia em outubro deste ano.
A FAB começou neste ano a realizar operações com o novo KC-390 na Antártica, que lançou suprimeiros e materiais necessários na Estação Comandante Ferraz, que é mantida pela Marinha do Brasil.
A expectativa é que o KC-390 ocupe todas as funções hoje realizadas pelo C-130 Hercules, incluindo os voos que pousam na antártica, levando equipamentos e pessoal.
Atualmente, a FAB emprega cinco unidades do C-390 que são dividios entre dois esquadrões, o Esquadrão Gordo, sediado no Rio de Janeiro, e Esquadrão Zeus, localizado em Anápolis, Goiás. Ao todo, a força aérea deverá operar entre 15 e 22 aeronaves.
Saiba mais...
O Brasil já conta com o módulo Criosfera 1, instalado em 2012, distante exatos 667 km do Polo Sul geográfico e mais 2,5 mil quilômetros da Estação Antártica Comandante Ferraz, distante. Para ter uma ideia, a distância entre a equipe brasileira e o módulo que funciona de forma autônoma equivale a trajetória em linha reta entre Rio de Janeiro e Belém, no Pará.
O Criosfera 2 será montado mais ao centro do continente, distante mais de 500 quilômetros do primeiro. A operação logística, que envolve o transporte e a instalação na Antártica do Criosfera 2, assim como a manutenção prevista do módulo Criosfera 1, custará ao país R$ 3,5 milhões.
O novo módulo Criosfera 2 vai permitir expandir em 1 milhão de quilômetros quadrados a área de atuação do Proantar. Novas áreas passarão a ter monitoramento dos gases de estufa na Antártica e seus dados meteorológicos são bases importantes para a calibração de modelos sobre o balanço radiativo na Antártica. O módulo vai trabalhar em área geográfica com forte sinal ambiental dos processos relacionados ao enómeno El Niño e La Niña, o Modo Anular do Hemisfério Sul, entre outros.
O projeto também pesquisa as interações entre as massas de ar antárticas e as do Brasil, avançando o conhecimento sobre as frentes frias que afetam país e a produção agrícola, em especial no Centro-Sul.
Outros estudos são conduzidos em paralelo, como microbiologia polar, papel do manto de gelo, entre outros.