Mais de 3.000 trabalhadores da Airbus no Reino Unido iniciarão uma greve de dez dias em setembro
Por Marcel Cardoso Publicado em 21/08/2025, às 08h45
Um sindicato do Reino Unido anunciou que cerca de 3.000 trabalhadores da Airbus iniciarão uma greve de dez dias a partir de setembro, após votação que resultou em 90% de apoio à paralisação.
A medida atinge diretamente as fábricas do País de Gales e de Filton, responsáveis pela produção de asas de aviões comerciais e militares. A greve foi motivada pela rejeição da proposta salarial da Airbus, que ofereceu um reajuste de 3,3% este ano, acrescido de 0,3% em janeiro de 2026, além de um bônus de 2.644 libras esterlinas, pago em abril deste ano.
O sindicato Unite, afirma que proposta não reflete os lucros bilionários obtidos pelo consórcio e nem a alta do custo de vida no Reino Unido, onde a inflação chegou a 3,8% em julho, o maior índice em dezoito meses.
“A Airbus está gerando bilhões em lucro; os trabalhadores merecem um acordo justo. Nossos membros estão apenas buscando justiça, não favores", disse Sharon Graham, secretária-geral do sindicato.
Por outro lado, a Airbus argumenta que, somadas, as negociações anteriores já garantiram aumentos superiores a 20% nos últimos três anos.
As paralisações ocorrerão nos dias 2, 3, 10 e 11 de setembro, com continuidade a partir de 15 de setembro, seguindo os turnos de cada unidade. O movimento afetará diretamente a fabricação de asas para as famílias A320, A330, A350, assim como o cargueiro militar A400M. Os projetos são considerados estratégicos tanto para companhias aéreas quanto para contratos de defesa, podendo ao final impactar toda a cadeia de produção da Airbus.
O próprio sindicato alerta que a greve poderá atrasar entregas e pressionar a cadeia global de suprimentos, criando gargalos de produção em um dos principais polos industriais britânicos.
Em resposta, a Airbus classificou a sua proposta como “competitiva e justa” e afirmou não estar preocupada, por enquanto, com o cumprimento das metas de entregas até o final do ano. No entanto, analistas avaliam que um prolongamento da greve pode gerar impactos significativos na produção de aeronaves.
A mobilização dos trabalhadores da Airbus ocorre em meio a uma onda de reivindicações salariais no Reino Unido, impulsionada pela inflação e pela pressão por reajustes em setores estratégicos da economia.