Atual governo alega que gasto com avião é desnecessário, mas não encontra compradores
Por Gabriel Benevides Publicado em 20/01/2020, às 17h00 - Atualizado em 21/01/2020, às 00h31
Governo mexicano tenta se desfazer de Boeing 787-8 presidencial, mas não encontra compradores
O Boeing 787-8 VIP presidencial do México deverá retornar ao país após passar uma temporada de nove meses nos Estados Unidos em busca de um comprador. O atual governo do presidente Andrés Manuel López Obrador optou por se desfazer do avião, considerado um dos mais modernos dedicados ao transporte de autoridades no mundo, sob alegação da necessidade de alocar um elevado orçamento para sua operação.
O avião retornará ao país nos próximos dias, onde o governo estuda como promover sua venda. “O governo decidiu que o avião retornará ao território mexicano, reforçando a tarefa de encontrar um comprador”, disse Jorge Mendoza Sánchez, diretor geral do banco estadual de desenvolvimento do México (Banobras), explicando que a aeronave será oferecida em um próximo leilão do governo.
A aeronave foi adquirida pelo governo mexicano como aeronave destinada ao transporte presidencial, tendo sido financiada pelo Banobras em 2012, por US$ 218 milhões. Todavia, o governo López Obrador, optou por não manter a aeronave a serviço do país, iniciando estudos para sua venda. Desde que o avião chegou aos Estados Unidos foram identificados 42 possíveis compradores, mas nunca houve um real acordo entre nenhuma das partes.
Oficialmente o alto custo para manter o Boeing 787 nos Estados Unidos foi decisivo para o governo mexicano optar pelo retorno da aeronave para a sua terra natal. O comandante da força aérea mexicana, Manuel de Jesús Hernández, disse que manter o avião na Califórnia custou ao governo 28 milhões de pesos (aproximadamente US$ 1,5 milhão).
O avião deverá retornar ao hangar presidencial no aeroporto da Cidade do México, onde será mantido pela Secretaria de Defesa Nacional. O governo avalia qual a melhor forma de proceder com a sua venda, incluindo opções pouco ortodoxas como venda fracionada, para estimados doze proprietários e opção de leasing para interessados. A ideia mais controversa foi oferecer o avião em uma rifa comum, com seis milhões de bilhetes, cada um sendo vendido por 500 pesos (aproximadamente US$ 26,70). A ideia foi recebida com espanto pelo mercado e mesmo pelo ex-presidente mexicano, Felipe Calderón, responsável pela compra do avião. "Pensei que fosse uma paródia", disse o ex-mandatário ao saber da proposta de rifar a aeronave.
"Estamos falando de opções. A gente vai decidir o que é melhor", disse López Obrador. Outra alternativa cogitada foi oferecer o avião ao governo dos Estados Unidos, em troca de pagamento em espécie ou ambulâncias e equipamentos médicos. No entanto, ainda não houve resposta das autoridades norte-americanas. O governo de López Obrador afirmou que pretende se desfazer do avião, utilizando o dinheiro em projetos sociais e de infraestrutura, como em projetos de saneamento básico e programa financeiro para imigrantes.
Obrador afirmou que há uma proposta onde foi oferecido US$ 125 milhões pelo avião, mas não existe uma previsão para concretizar o negócio. Todavia, o governo deverá quitar o empréstimo para compra do avião realizado junto ao Banobras, estimado em US$ 143,7 milhões. Críticos apontam que mesmo que o 787-8 seja vendido por US$ 125 milhões, o governo ainda deverá desembolsar mais US$ 18 milhões apenas para cobrir seu financiamento, não restando dinheiro da venda para qualquer tipo de obras no país.