Governo do México vai reduzir número de voos no maior aeroporto da América Latina
Por Wesley Lichmann Publicado em 04/09/2023, às 13h20
O governo do México publicou na semana passada uma resolução que declarou a saturação do aeroporto internacional Benito Juárez, na Cidade do México, o mais movimentado da América Latina.
O documento publicado após dois estudos de capacidade, diz que a redução das operações de 62 para 52 voos por hora não diminuiu a saturação do aeroporto da Cidade do México, em parte pela utilização de aviões maiores, que resultará no aumento de 46,2 milhões para 52 milhões de passageiros por ano.
As autoridades mexicanas pretendem diminuir o número de pousos e decolagens de 52 para 43 voos por hora, "o que garante uma separação adequada entre aeronaves, tanto no espaço aéreo quanto no aeródromo, além de permitir um melhor atendimento aos usuários", diz a resolução.
O levantamento aponta saturação dos dois terminais do aeroporto, com as condições do terminal 1 saturadas durante todo dia, das 05:00h às 22:59h. Já no terminal 2, foi verificada saturação das 06h00 às 19h59; bem como das 21h00 às 22h59.
O presidente Andrés Manuel López Obrador justificou a decisão e criticou as companhias aéreas que operam no principal terminal aéreo mexicano por não honrar o acordo anterior.
O governo tenta impulsionar a movimentação no aeroporto Felipe Ángeles. Inaugurado em março do ano passado, o segundo terminal aéreo da capital foi responsável pelo transporte de cerca de 900 mil pessoas em 2022, 62% abaixo da projeção de 2,4 milhões, estipulada no projeto.
As três principais companhias aéreas do país, Aeromexico, Volaris e Viva Aerobus, criticaram a decisão.
A Aeromexico diz que a redução afetará passageiros, funcionários e "novos investimentos que dependem de segurança jurídica e conectividade aérea adequada."
A medida também foi contestada pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). A instituição questiona a metodologia utilizada pelos órgãos públicos para determinar a capacidade aeroportuária.
"Tais medidas deverão ser tomadas com o máximo rigor técnico e operacional, com base em estudos e análises de especialistas", diz Peter Cerdá, vice-presidente regional da IATA para as Américas.
"O principal problema da AICM não é a capacidade operacional, mas sim o envelhecimento e deterioração da infraestrutura. Os terminais 1 e 2 necessitam de modernização imediata", afirmou Cerdá.
O aeroporto da Cidade do México movimentou 46.258.521 passageiros em 2022, alta de 28,3% em relação a 2021, enquanto o movimento de aeronaves apresentou crescimento de 18,2%, para 387.450 voos.