Gasto excessivo do governo Lula de R$ 80,4 milhões para voos de repatriação levanta suspeita de opositores

Levantamento aponta que custo de transporte de brasileiros no Líbano poderia quase três vezes mais barato se utilizasse voos comerciais

Por Micael Rocha Publicado em 14/10/2024, às 14h00

Levantamento sugere que voos para resgatar brasileiros no Líbano poderia ser quase três vezes mais em conta se governo usasse aviões comerciais - Reprodução Instagram Ricardo Stuckert

O governo brasileiro autorizou o repasse de R$ 80,4 milhões ao Ministério da Defesa para financiar a repatriação de brasileiros no Oriente Médio, com foco no Líbano. A operação tem sido conduzida pela Força Aérea Brasileira (FAB) e já realizou três voos de resgate desde o início de outubro. 

O valor, considerado excessivamente alto, vem chamando a atenção e gerado críticas entre a ala de oposição ao terceiro governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT). Deputados e senadores levantaram a possibilidade do gasto realizado pelo governo pudesse ser menor, fazendo uso de outros métodos ou melhor fiscalização do uso do erário brasileiro.

Uma análise realizada pelo jornal digital Poder 360 sugere que os custos poderiam ser significativamente menores se o governo optasse por trazer os brasileiros de volta ao país utilizando voos comerciais regulares. Com base no preço médio de uma passagem de Beirute para São Paulo, realizada em 11 de outubro com uso de ferramenta de buscas por voos do Google, o valor encontrado por passagem seria de R$ 7.253. 

Multiplicando esse valor pela estimativa de 3.000 pessoas que deverão ser repatriadas fornecida pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, o custo total das viagens via voos comerciais seria de cerca de R$ 21,7 milhões - o que representa quase um terço do valor destinado à operação militar.

Segundo o jornal, o valor informado pelo governo Lula de R$ 80,4 milhões engloba todos os custos da operação, como o combustível e a manutenção do Airbus A330 empregado na missão. Porém, não ficou claro se o valor considera os três voos já realizados ou se serão somados aos futuros voos.

Até o momento, a FAB já transportou 674 brasileiros e onze animais de estimação. A operação, denominada Raízes do Cedro, é contínua devido à escalada de conflitos no Líbano, que tem sido alvo de ataques na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hezbollah. O quarto voo de repatriação já decolou, mas a quantidade de passageiros ainda não foi divulgada pela Força Aérea.

Os brasileiros que embarcam nos voos da FAB precisam atender a critérios específicos. Idosos, pessoas com deficiências, grávidas e aqueles sem recursos para adquirir passagens comerciais terão prioridade frente aos demais. Todavia, o governo ainda não detalhou os custos das missões anteriores, realizadas em 2023, durante outro conflito na região próxima a atual.

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