Acordo que ajudou a pagar salários vence no dia 30 de setembro e empresa não terá condições de manter todos empregados
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 27/08/2020, às 10h00 - Atualizado às 11h29
American Airlines reduziu sua força de trabalho em mais de 30% em apenas cinco meses
A American Airlines deverá cortar 19.000 postos de trabalho em outubro, quando o apoio salarial promovido pelo governo dos Estados Unidos em ajuda às companhias aéreas chegar ao fim.
A companhia, atualmente a maior do mundo, recebeu um aporte de US$ 5,8 bilhões do programa de ajuda à folha de pagamento, auxiliando manter a folha em dia. A situação se agravou nos últimos dois meses, quando quase a totalidade da malha internacional foi interrompida e a demanda doméstica reduziu em mais da metade.
A American anunciou recentemente planos de suspender voos para 15 aeroportos secundários nos Estados Unidos devido à baixa demanda. A previsão é que no último trimestre de 2020 a demanda doméstica chegue em 50% dos níveis registrados no ano passado. No mercado internacional o índice não deverá superar os 25%, em números absolutos uma demanda próxima a existente no final da década de 1980.
Os termos do resgate estatal na ordem de US$ 25 bilhões impediram que as companhias aéreas demitissem funcionários em massa no auge da pandemia de covid-19. O acordo tem validade até o dia 30 de setembro, mas embora as empresas tentem um novo pacote de ajuda junto a Casa Branca, até o momento as negociações não foram adiante.
“Devemos nos preparar para a possibilidade de que o governo do país não consiga encontrar uma maneira de apoiar ainda mais os profissionais da aviação e os serviços que oferecemos, especialmente para comunidades menores”, disse Doug Parker, presidente-executivo e o Robert Isom presidente, em um memorando interno.
A American acredita que terá menos de 100.000 trabalhadores em meados de outubro, ante os mais de 140.000 empregados no início de março. Desde o início da pandemia cerca de 12.500 pessoas deixaram a empresa voluntariamente, enquanto outros 11.000 estão de licença não remunerada.
O anuncio segue os já realizados por outras companhias aéreas norte-americanas. A United Airlines afirmou, em julho, que poderia demitir até 36.000 funcionários após os efeitos devastadores no setor de transporte aéreo.
Em um intervalo de apenas cinco meses a American Airlines reduziu sua força de trabalho em mais de 30%, um dos maiores cortes já vistos no setor aéreo. Em todo o mundo a indústria de aviação comercial deverá perder mais de US$ 84 bilhões até dezembro, ante um crescimento recorde registrado nos últimos anos.