John Barnett, foi gerente de qualidade da Boeing e foi encontrado morto após prestar depoimento contra o ex-empregador
Por Micael Rocha Publicado em 12/03/2024, às 02h17
Um ex-funcionário da Boeing foi encontrado morto dias após prestar um depoimento sobre falhas de qualidade nos processo de produção do 787 Dreamliner. Ao 62 anos, John Barnett, foi encontrado morto dentro de seu caminhão no estacionamento de um hotel nos Estados Unidos.
Dias antes à sua morte Barnett prestou depoimento em um processo de denúncia que movia contra a Boeing, onde trabalhou por 32 anos, até se aposentar em 2017. Dois anos depois, fez uma denuncia a rede britânica BBC, afirmando que o fabricante estava instalando, deliberadamente, peças abaixo do padrão nos aviões na linha de produção.
Parte da acusação era destinada a unidade de North Charleston, na Carolina do Sul, onde a Boeing montou uma linha de produção destinada exclusivamente ao 787 e Barnett foi transferido para a unidade em 2010, onde trabalhou como gerente de qualidade.
À BBC, Barnett informou que os funcionários trabalhavam sob pressão e que descobriu sérios problemas com os sistemas de geração de oxigênio, o poderia potencialmente fazer com que em caso de emergência, uma em cada quatro máscaras não funcionasse.
Ainda na entrevista, Barnett revelou que constatou que diversas peças que estavam fora do padrão foram intencionalmente removidas das lixeiras e instaladas nos aviões que estavam sendo construídos, a fim de não gerar mais atrasos na linha de produção.
O ex-funcionário informou também que depois de começar a trabalhar na Carolina do Sul ficou preocupado pelo fato de que o esforço para fabricar em ritmo acelerado novos aviões poderia comprometer a segurança.
A Boeing informou que lamenta o falecimento do ex-funcionário e que nega todas suas alegações. Mas, em uma revisão de 2017 realizada pela agência de aviação civil dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês), confirmou parte das preocupações de Barnett.
As causas da morte e suas circunstâncias estão sendo investigadas pela polícia dos Estados Unidos. Segundo a BBC, Barnett estava em Charleston para prestar uma série de depoimentos jurídicos relacionadas ao caso e que a polícia local afirmou que a morte ocorreu devido a um ferimento “autoinfligido”.