Iata destaca que medidas atuais apenas drenam caixa e não oferecem nenhuma solução para o setor aéreo
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 15/07/2021, às 15h00 - Atualizado às 16h25
Iata defende que taxas poderiam ser convertidas em incentivos no desenvolvimento de novas tecnologias
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) alertou sobre os riscos de usar taxas adicionais como forma de reduzir as emissões de poluentes na aviação comercial.
A critica é uma resposta a proposta da União Europeia que planeja reduzir para zero as emissões de poluentes de aeronaves até 2050. Entre as medidas está a Fit for 55 que na prática se torna uma imposição punitiva ao setor, sem apresentar uma contra proposta viável no curto prazo.
"Como uma indústria global, a aviação está comprometida com a descarbonização. Não precisamos de medidas persuasivas ou punitivas, como impostos, para incentivar mudanças”, disse Willie Walsh, diretor geral da IATA.
Uma das criticas da associação é a criação de taxas pela a União Europeia que poderia oferecer incentivos para o desenvolvimento de tecnologias e medidas para tornar viável o uso de novos combustíveis na aviação comercial.
“Na verdade, os impostos sugam dinheiro do setor que poderia apoiar investimentos na redução de emissões, como a renovação de frotas e tecnologias limpas. Para reduzir as emissões, precisamos que os governos implementem políticas construtivas que se concentrem imediatamente em incentivos à produção de SAF e na implementação do Céu Único Europeu (Single European Sky)", alertou Walsh.
A Iata elaborou uma série de sugestões mais efetivas para apoiar a descarbonização direta do transporte aéreo, destacando o uso de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês), que reduzem as emissões em até 80% quando comparados ao combustível de aviação tradicional.
Porém, por ora, o fornecimento insuficiente e os preços altos limitaram o uso de SAF em todo o mundo. Apenas em 2021 serão utilizados 120 milhões de litros de combustível sustentável, ante mais de 350 bilhões de litros de querosene.
Outro ponto que a Iata destaca é a existência de medidas nacionais ou regionais múltiplas e descoordenadas, que além de encarecer o uso de SAF ainda tornam pouco claras as regras existentes.
O setor apoia o Esquema de Redução e Compensação de Emissões da Aviação Internacional (Corsia, em inglês) como uma medida global para toda a aviação internacional. Aliás, a Iata afirmou em nota que ˜está extremamente preocupada” com a proposta da Comissão para que os Estados europeus deixem de implementar o Corsia em todos os voos internacionais.
Outro ponto importante, que tem sido discutido pelo setor aéreo há vários anos é a criação do Céu Único Europeu (Single European Sky) que permitirá reduzir as emissões desnecessárias da gestão fragmentada do tráfego aéreo e suas ineficiências. A criação de um espaço aéreo único poderá reduzir as emissões da aviação na Europa entre 6 a 10%. Porém, os governos nacionais continuam atrasando a implementação da iniciativa.
"A visão de curto prazo da aviação é fornecer transporte aéreo sustentável e acessível para todos os cidadãos europeus com frotas que utilizam SAF e gestão de tráfego aéreo eficiente", disse Walsh.