Greve dos metalúrgicos paralisa produção da Embraer

Metalúrgicos da Embraer iniciaram greve em São José dos Campos após impasse nas negociações salariaise

Por Marcel Cardoso Publicado em 17/09/2025, às 13h59

Produção está parada em São José dos Campos e sindicato cobra aumento real e manutenção de direitos - Embraer

Os metalúrgicos da Embraer iniciaram greve nesta terça-feira (17), em São José dos Campos (SP), após divergências nas negociações salariais e a recusa em atender a proposta do sindicato, que prevê aumento real e manutenção integral dos direitos trabalhistas.

A decisão foi tomada em assembleia realizada na entrada do primeiro turno da fábrica de São José dos Campos, que possui cerca de 12.000 funcionários – sendo metade deles na produção, hoje completamente paralisada.

Propostas em impasse

Na última rodada de negociações da Campanha Salarial, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que representa a Embraer e o setor aeronáutico, apresentou proposta de reajuste salarial limitado à reposição da inflação medida pelo INPC (5,05%). O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região reivindica aumento de 11%.

Outro ponto de divergência é a estabilidade no emprego para trabalhadores vítimas de doenças e acidentes relacionados ao trabalho. A convenção coletiva de 2017 garantia estabilidade até a aposentadoria. A Embraer propõe reduzir o prazo para 21 meses em casos de doença e 60 meses em acidentes.

Benefícios e alimentação

A pauta de reivindicações inclui ainda a elevação do vale-alimentação para R$ 1.000. A proposta da Embraer é aumentar o valor atual de R$ 400 para R$ 420. No último dia 9 de setembro, os trabalhadores já haviam aprovado aviso de greve. A manutenção da proposta pela empresa levou à deflagração da paralisação nesta semana.

Contexto financeiro

O movimento ocorre em um período de forte crescimento da Embraer. No primeiro trimestre de 2025, a companhia registrou lucro líquido de R$ 657 milhões, alta de 58% em relação ao mesmo período de 2024. Nos últimos seis anos, as ações valorizaram 350%, segundo o presidente da empresa, Francisco Gomes Neto.

“Esta greve mostra o quanto os trabalhadores estão insatisfeitos com a política da Embraer. A fábrica está batendo recordes em lucratividade, receita e carteira de pedidos. Agora é hora de dividir esses resultados com quem está na produção”, afirmou Herbert Claros, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.

Posição da Embraer

Leia abaixo a íntegra da nota da Embraer

As fábricas da Embraer operam normalmente em todo o Brasil.

A Embraer respeita todos os direitos dos colaboradores e estranhou a ação do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos nessa manhã, na unidade Ozires Silva, que visa cercear o direito constitucional de ir e vir, tendo em vista que as negociações da data-base estão em andamento junto à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o sindicato ainda não apresentou a proposta mais recente aos trabalhadores.

A Fiesp, que representa o grupo patronal do setor aeronáutico nas negociações referentes à data-base 2025, apresentou ontem, 16 de setembro, uma nova proposta de reajuste salarial de 5,5% (valor acima da inflação do período) e aumento de 12,5% do vale-alimentação para colaboradores com salários de até R$ 11 mil.

As negociações no âmbito da Fiesp continuam em andamento com todos os sindicatos que representam os colaboradores no Estado de São Paulo.

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