Demanda de passageiros em todo o mundo despenca em março

Dados da IATA apontam que as restrições de viagem reduziram em 52,9% o número de passageiros transportados

Por Edmundo Ubiratan Publicado em 04/05/2020, às 17h00 - Atualizado às 18h00

Empresas do Oriente Médio foram uma das mais impactadas pelo coronavírus pois dependerem da conectividade global

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) anunciou os resultados globais do tráfego aéreo de passageiros de março de 2020, período que atingiu o auge das restrições de viagens pela pandemia do novo coronavírus.

A demanda em passageiros-quilômetros pagos transportados (RPK, na sigla em inglês) apresentou queda de 52,9% em relação a março de 2019, sendo a pior queda na história recente do transporte aéreo. O resultado aponta que o volume global de passageiros retornou aos níveis de 2006, um retrocesso de quatorze anos no setor aéreo. Um dos maiores problemas apontados pelo setor é que no período a frota global mais que dobrou, ampliando o impacto da redução da demanda. A capacidade de março medida em assentos disponíveis por quilômetro (ASK) caiu 36,2% e a taxa de ocupação apresentou queda de 21,4 pontos percentuais, atingindo 60,6%.

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"Março [de 2020] foi um mês desastroso para a aviação. As companhias aéreas sentiram o impacto crescente das medidas relacionadas à COVID-19 relacionadas ao fechamento de fronteiras e restrições de viagem, inclusive nos mercados domésticos”, disse Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da IATA.

A demanda internacional de passageiros diminuiu 55,8% em março de 2020 em relação a março de 2019, ampliando ainda mais a queda de 10,3% registrada em fevereiro, o início da crise em escala mundial.

Segundo dados da IATA todas as regiões apresentaram declínio de dois dígitos no tráfego de passageiros, enquanto a capacidade despencou 42,8% e a taxa de ocupação caiu 18,4 pontos percentuais, atingindo 62,5%

A maior queda ocorreu na região da Ásia-Pacífico, epicentro do início da crise, registrou queda de 65,5% do tráfego em março de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado é mais que o dobro do obtido em fevereiro quando a redução foi de 30,7%. A capacidade caiu 51,4% e a taxa de ocupação reduziu 23,4 pontos percentuais, atingindo 57,1%.

A Europa também foi duramente afetada pela pandemia, especialmente após o fechamento de fronteiras, algo inédito no continente desde a Segunda Guerra Mundial. As empresas europeias registraram queda de 54,3% na demanda em março de 2020, enquanto em fevereiro de 2020, o tráfego foi praticamente estável em relação a fevereiro de 2019, visto que o coronavírus ainda não havia impactado severamente todo a região. A capacidade caiu 42,9% e a taxa de ocupação reduziu 16,8 pontos percentuais, atingindo 67,6%, a maior entre as regiões.

As companhias aéreas do Oriente Médio, que dependem de elevada conectividade em escala global, registraram queda de 45,9% no tráfego em março, revertendo o aumento de 1,6% registrado em fevereiro. A capacidade foi reduzida em 33,5% e a taxa de ocupação caiu 13,7 pontos percentuais, atingindo 59,9%.

A América do Norte, maior mercado de aviação comercial do mundo, registrou queda de 53,7% no tráfego de passageiros em relação a março do ano passado, enquanto a capacidade despencou 38,1% e a taxa de ocupação caiu 21,1 pontos percentuais, atingindo 62,8%.

As companhias aéreas da América Latina apresentaram queda de 45,9% na demanda no período, ampliando a queda de 0,2% de fevereiro, também quando comparada ao mesmo período de 2019. A região foi uma das últimas a sofrer os efeitos da pandemia, mantendo grande parte das operações até meados de março, quando a demanda somada ao fechamento de fronteiras foi registrada. A capacidade encolheu em 33,5% e a taxa de ocupação caiu 15,3 pontos percentuais, atingindo 66,5%.

Por fim, as companhias aéreas da África apresentaram queda de 42,8% em março, um declínio significativo em relação à queda de 1,1% registrada em fevereiro. A capacidade caiu 32,9% e a taxa de ocupação contraiu 10,5 pontos percentuais, atingindo 60,8%.

Os dados da IATA ainda mostram que os mercados domésticos de transporte de passageiros em todo o mundo tiveram queda de 47,8% em março de 2020 em relação a março de 2019, uma redução de dois dígitos em todos os mercados, enquanto a capacidade diminuiu 24,5% e a taxa de ocupação caiu 26,0 pontos percentuais, atingindo 58,1%.

A expectativa do setor é que uma melhora nos resultados ocorra apenas em meados do segundo semestre, caso as regras de controle sanitário e uma eventual vacina ou cura para à COVID-19 seja encontrada.

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