Defeito de qualidade na fuselagem do 737 MAX exigirá reparos em cerca de 165 dos 220 aviões armazenados
Por Wesley Lichmann Publicado em 08/09/2023, às 10h40
O defeito de qualidade na fuselagem do 737 MAX reduzirá a taxa de entrega e impactará nos resultados resultados financeiros, disse ontem (7), Brian West, diretor financeiro da Boeing, durante conferência do banco de investimento Jefferies.
O chefe financeiro (CFO) da Boeing disse que o retrabalho na antepara de pressão traseira identificado no mês passado, demandará mais tempo e afeta 75%, ou o equivalente a 165 dos 220 aviões da família MAX estocados no final do segundo trimestre.
Alguns dos aviões atualmente em serviço também deverão passar pelo procedimento de reparo durante manutenção programada.
As deformidades foram notificadas a agência de aviação civil norte-americana (FAA) e seus clientes, e afirma que o problema não afeta a segurança de voo da frota em serviço.
"As horas de retrabalho provavelmente serão maiores e o tempo de ciclo mais longo do que a aleta vertical que tínhamos anteriormente. Isso é diferente, é mais complicado, tem mais coisa envolvida", diz o CFO da Boeing.
O processo de reparo terá efeitos diretos na meta da empresa de entregar entre 400 a 450 aviões da sua popular família de corredor único, levando a uma perda financeira no terceiro trimestre.
Os atrasos devem gerar margens negativas semelhantes às do primeiro trimestre deste ano, quando a margem operacional foi de -9,2%.
"Existem centenas de buracos que são inspecionados, é necessária uma inspeção por raio X e é uma parte muito crítica do avião. Portanto, temos que ter certeza de que faremos isso da maneira certa e o faremos", destaca West.
No mês passado, a Boeing detectou que as fuselagens produzidas pela Spirit Aerosystem, em Wichita, Kansas, apresentavam furos de fixação fora das conformidades e especificações na antepara de pressão traseira.
A Spirit é responsável pela produção de grande parte da estrutura dos aviões da família 737 MAX, além de fornecer peças e componentes para outros aviões.
A principal fornecedora da Boeing renegocia um novo contrato relacionado ao programa 787. O CEO da Spirit, Tom Gentile, disse na mesma conferência, que os atuais termos são insustentáveis para a empresa, que acumula perda de US$ 1,4 bilhão desde o lançamento do Dreamliner em 2007.
Nos últimos meses uma série de atrasos nas entregas foram comunicadas pela Boeing. Em fevereiro, as entregas do 787 Dreamliner foram adiadas, seguida por uma suspensão de algumas unidades do 737 MAX, no mês de abril, causada por um defeito dos encaixes que prendem o estabilizador vertical à fuselagem.
Mesmo com os consecutivos atrasos, a Boeing não pretende mudar o plano para o ritmo de produção do MAX, em meio a crescente demanda por novos aviões.
Em julho, durante divulgação dos resultados do segundo trimestre, a companhia informou que a taxa média de produção aumentaria de 31 para 38 unidades por mês. E uma segunda etapa, a produção subirá para até 52 aeronaves em meados de 2025 ou 2026.
Permanecem inalteradas também, a projeção de aumentar a produção do 787, estabilizada em cinco unidades mensais, a Boeing pretende incrementar para dez por mês nos próximos três anos.
De acordo com o CFO da Boeing, o fluxo de caixa livre consolidado será ligeiramente negativo no trimestre, mas a orientação para o ano inteiro de US$ 3 a US$ 5 bilhões deve ser alcançada.