Alta poderá afetar a retomada do transporte aéreo e deve impactar no valor das tarifas aéreas
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 14/10/2021, às 15h30 - Atualizado às 16h22
Aviação comercial brasileira trabalha para reverter efeitos devastadores de alta no combustível e dólar | Foto: Divulgação
O preço do querosene de aviação registrou alta de 91,7% no segundo trimestre deste ano, no comparativo com o mesmo período do ano passado. A elevação ocorre em um momento que o setor aéreo trabalha para aproveitar a retomada do mercado de transporte aéreo.
O Brasil tem sido um dos países com um dos crescimentos de retomada mais sólidos no mundo, mas a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) alerta que o preço do combustível poderá frear o crescimento do setor, com consequente elevação nos preços das passagens e menor oferta de assentos horários e rotas.
A Abear ainda destaca que em uma combinação perigosa o Brasil ainda tem registrado sucessivos recordes de cotação do dólar em relação ao real neste ano. A aviação comercial tem seus custos atrelados a moeda norte-americana, que representam a quase totalidade dos contratos de arrendamento de aeronaves, peças, suporte e mesmo combustíveis e lubrificantes.
A combinação de combustível com elevado preço e maxivalorização do real podem ameaçar uma retomada mais consistente da aviação comercial brasileira e vêm pressionando os preços das passagens aéreas. Ainda assim, segundo dados da Anac, a tarifa média aérea doméstica real do segundo trimestre de 2021 registrou queda de 19,98% em comparação com o mesmo trimestre de 2019.
Atualmente o valor médio do bilhete é de R$ 388,95 ante R$ 486,10, em 2019. Contudo, com a inflação elevada e perda do poder de compra da maior parte das famílias brasileiras, o preço médio passou a ter um peso maior no orçamento do que havia em 2019.
A Abear destaca a impossibilidade de comparar os valores deste ano com o ano passado, quando a tarifa aérea doméstica se situou em R$ 376,29, o menor preço em 20 anos. Entre as explicações está a quase suspensão completa da malha aérea e a necessidade de manter uma conectividade mínima, oferecida através de poucos voos com tarifas baixas, com pouca ou nenhuma margem de lucro.
Apesar de um cenário desafiador, as empresas aéreas nacionais registraram nos últimos cinco meses crescimento da oferta de voos domésticos.
Um dos temores do setor aéreo é que com real enfraquecido, inflação próxima da casa dos dois dígitos e alta nos combustíveis, a retomada possa ser mais lenta ou ainda levar a uma retração em um momento que o mundo mostra crescimento.