Guerra comercial afeta aviação e China congela novas entregas da Boeing
Por Gabriel Benevides Publicado em 16/04/2025, às 13h00
A China suspendeu o recebimento de aeronaves da Boeing, incluindo o modelo 737 MAX, em retaliação às tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses. A medida intensifica a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e representa um novo revés para a fabricante norte-americana.
A decisão afeta companhias como China Southern Airlines, Air China e China Eastern Airlines, que têm pedidos pendentes com a Boeing. Embora entregas já concluídas possam ser analisadas caso a caso, novas remessas estão congeladas. A suspensão também pressiona a operação de aeronaves já em serviço no país, com impactos no fornecimento de peças e suporte técnico, elevando os custos de manutenção.
O anúncio ocorre após Washington estabelecer tarifas de até 245% sobre importações da China, levando Pequim a responder com tributos de até 125% sobre produtos dos EUA. Como resposta estratégica, o governo chinês intensificou o apoio à fabricante doméstica COMAC, acelerando a produção dos modelos C909 e C919 para atender o mercado nacional e reduzir a dependência de fabricantes estrangeiros.
Para a Boeing, a perda de acesso ao mercado chinês é significativa. O país asiático representa cerca de 15% da aviação civil global e figura entre os principais destinos das entregas comerciais da fabricante norte-americana, que já enfrenta desafios como perdas financeiras, greves e queda nas ações.
As ações de companhias aéreas e concessionárias de aeroportos que operam no Brasil encerraram a última semana em queda, pressionadas pelo aumento da tensão comercial entre EUA e China e pela incerteza econômica global.
Em março, uma coalizão de 15 entidades do setor de aviação enviou uma carta aos secretários de Transporte e Comércio dos EUA, além do representante comercial, pedindo isenção para o setor aeroespacial nas tarifas impostas pelo governo Trump a importações do Canadá e do México.
As entidades alertaram que a cadeia de suprimentos aeronáutica é altamente regulada e depende de fornecedores globais especializados, sendo difícil de substituir. A manutenção da competitividade da indústria aeroespacial norte-americana, segundo o grupo, depende da estabilidade desse fluxo.
No mês anterior, o governo dos EUA anunciou tarifas de 25% sobre aço, alumínio e derivados, afetando diretamente diversos parceiros comerciais, incluindo o Brasil.