Cadeia de suprimentos afeta produção e entrega de novas aeronaves

Ritmo de produção de aeronaves tem sido afetado pela cadeia de suprimentos, atrasos nas entregas dificulta retomada do setor aéreo

Por Wesley Lichmann Publicado em 22/02/2023, às 16h04

Entregas das principais aeronaves tem registrado atrasos de até seis meses - Divulgação

A retomada da atividade econômica em escala global levou a uma maior exigência das linhas de suprimentos, acumulando uma série de atrasos nas cadeias produtivas, incluindo a produção de aeronaves.

Com centenas de componentes com diversos fornecedores, as fabricantes de aeronaves tem encontrado dificuldades em cumprir prazos de entregas e efetivar acordos para novas encomendas. Justamente por esses consecutivos problemas nas linhas de montagem, algumas fabricantes, em especial Airbus e Boeing, têm efetuado entregas com até seis meses de atrasos.

Atrasos na produção impactam diretamente nos números de entregas realizadas durante o ano fiscal, que postergadas também afetam a geração de receitas e ganhos.

A lenta recuperação da produção dos jatos A320neo e Boeing 737 MAX, principais produtos da Airbus e Boeing respectivamente, tem sido o entrave para a consolidação da atividade do setor aéreo.

Airbus pretende incrementar a produção do A320neo ainda este ano.

 

A Embraer, terceira maior do mundo, também tem sido afetada com as constantes interrupções no fornecimento de componentes e maquinários. A empresa entregou 159 aeronaves em 2022, alta de 12,7% frente um ano antes, mas a falta de peças e a escassez de motores atrapalharam as projeções mais robustas.

A Airbus planejou a entrega de 700 aeronaves, em 2022, mas em meio aos problemas na cadeia de suprimentos a empresa revisou a meta, adequando-se ao atual cenário, além do aumento dos custos. A fabricante encerrou o ano passado com 661 aeronaves comerciais entregues para oitenta e quatro clientes, apesar das dificuldades, o número é 8% maior quando comparado ao ano de 2021.

O ritmo de produção mensal da família A320neo deve ficar em 65 unidades ainda este ano. Para o fim desta década o objetivo é produzir 75 aviões por mês do popular jato de corredor único.

Após enfrentar diversos problemas com o 737 MAX e 787, seus produtos de maior procura, a Boeing tem efetivado mudanças estruturais e organizacionais tanto na linha executiva como no posicionamento de mercado. Durante divulgação dos resultados financeiros, a norte-americana informou que a taxa de produção do 737 Max está estabilizada em 31 unidades por mês.

Ritmo de produção mensal do 737 MAX está estabilizado em 31 aeronaves.

 

Para atender a demanda das companhias aéreas, que tem registrado significativo aumento por viagens, a Boeing planeja aumentar a taxa mensal de produção do 737 MAX para 50 unidades, e prevê aumentar de cinco para dez a média do 787.

Com a indústria não respondendo a procura por novas aeronaves, as companhias aéreas tem realizado ajustes em seus planos de frota e malha. Com o aumento do preço do combustível, a eficiência dos novos motores das aeronaves de última geração é determinante nas operações, resultando em eficiência e proporcionando resultados financeiros positivos.

Sem novos jatos a disposição, empresas aéreas têm retomado voos com aeronaves antigas ou aposentadas durante a crise sanitária. Apesar de menos eficientes a abertura de uma nova rota com estudos e números consistentes é uma forte matriz de receita, como o caso do retorno dos quadrimotores A340-600 e A380 na Lufthansa.

As companhias de leasing têm registrado a renovação de 90% de seus contratos de aeronaves para os próximos três anos, para Steven Udvar-Hazy, presidente da Air Lease Corp. (ALC), os atrasos nas entregas das aeronaves de corredor único devem piorar nos próximos meses.

A mesma observação foi feita por Guillaume Faury, CEO da Airbus, durante divulgação dos resultados, o CEO afirmou que a cadeia de suprimentos parou de degradar, mas as condições de produção e entregas não estavam melhorando.

Mesmo com os dados e projeções positivas divulgadas pelas fabricantes, analistas do mercado continuam céticos com as perspectivas de melhora do ritmo de produção de jatos comerciais nos próximos três anos.

Embraer Airbus Entregas Boeing 737 MAX A320neo E195 Produção Indústria E190 Fabricação Cadeia de suprimentos Ritmo

Leia também

Boeing vai demitir 2.000 funcionários das áreas de finanças e RH
Lufthansa reativará todos os seus A340-600