Ayrton Senna e o dia em que quebrou a barreira do som

A incrível experiência de Ayrton Senna rompendo a barreira do som em um Mirage III da FAB

Por Edmundo Ubiratan Publicado em 31/03/2019, às 17h00 - Atualizado em 06/12/2024, às 14h50

Ayrton Senna sendo preparado para voar no Mirage III da FAB no dia que quebrou a Barreira do Som

Há mais de 35 anos, o então campeão mundial de Fórmula 1, Ayrton Senna, realizava seu primeiro voo supersônico a bordo de um Mirage III da FAB, atingindo a marca de Mach 1.4, aproximadamente 1.728 km/h.

Na manhã do dia 29 de março de 1989, dois Mirage III do Esquadrão Jaguar (1º GDA), localizado na então Base Aérea de Anápolis, interceptaram um King Air (PT-ASN) que levava o piloto para uma visita oficial às instalações da Força Aérea.

Ao desembarcar em Anápolis, Senna foi equipado para o voo e recebeu o briefing necessário antes de embarcar no Mirage III. Segundo relatos da FAB, durante a instrução, Senna afirmou que gostaria de sentir a velocidade do caça, que, na época, era o principal avião de combate brasileiro. Além de piloto de Fórmula 1, Senna também pilotava alguns aviões da família e iniciava seus passos nas asas rotativas, pilotando helicópteros.

O comandante do voo foi o tenente-coronel Alberto de Paiva Cortes, que havia recém-assumido o comando do 1º GDA. “Nós queríamos demonstrar a capacidade do Mirage III, realizar algumas manobras e romper a barreira do som”, comenta. “Senna queria, acima de tudo, sentir a velocidade da aeronave supersônica, porque ele queria experimentar a diferença entre pilotar um caça e pilotar um carro de Fórmula 1”, disse o agora coronel da reserva.

Ayrton Senna havia sido campeão mundial no ano anterior e iniciava a temporada de 1989, que seria uma das mais memoráveis da história do automobilismo, rivalizando com seu companheiro de equipe, o francês Alain Prost.

Ayrton Senna em frente ao Mirage III após o voo que atingiu mais de 1.700 km/h

 

Voando a 36.000 pés, aproximadamente 11 km de altitude, o Mirage III acelerou até romper a barreira do som, chegando a mais de 1.700 km/h. Contudo, a altitude inibe a sensação de velocidade devido à falta de referências visuais que demonstrem a aceleração.

Embora sem experiência em voos militares, Senna suportou as forças G graças à sua adaptação aos carros de Fórmula 1
O FAB 4908 no pátio do Museu Asas de Um Sonho, aguardando sua remontagem para exposição ao público, em Itú

Então, a pedido de Senna, o piloto realizou um voo a baixa altura. Bastante próximo do solo, em um rasante, o avião atingiu Mach 0.95 (1.173 km/h), velocidade superior à do voo de cruzeiro da maioria dos aviões comerciais. A velocidade era tão alta que surpreendeu os fotógrafos e cinegrafistas que tentavam registrar o momento.

De acordo com relatos dos presentes no evento, ao contrário da maioria das pessoas não acostumadas com a força G, Senna não demonstrava qualquer sinal de cansaço ou enjoo – falava bastante e mostrava empolgação com a experiência, inclusive recebendo o controle da aeronave sob orientação do piloto.

Ao aterrissar, os membros do Esquadrão Jaguar celebraram o voo abrindo uma garrafa de espumante, ato tão repetido por Senna nas comemorações no pódio da Fórmula 1. Ele ainda permaneceu com o esquadrão após o voo, trocando lembranças e recebendo um certificado do voo supersônico, além de levar a tarjeta do macacão personalizada com seu nome e o brevê da FAB.

Hoje, o Mirage III, matrícula FAB 4904, utilizado no histórico voo, está exposto para visitação no Museu Aeroespacial, localizado no Rio de Janeiro. No museu Asas de Um Sonho, em Itú, chegou há poucos dias o FAB 4908, o ala do famoso voo, faz uma homenagem ao voo supersônico de Ayrton Senna.

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