Ao longo de dez anos a aviação comercial brasileira transportou gratuitamente 68,5 mil órgãos e tecidos para transplantes
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 30/09/2024, às 06h10
A aviação comercial brasileira transportou 68,5 mil órgãos e tecidos para transplantes, além de profissionais de saúde, nos últimos dez anos. O resultado é um dos mais bem-sucedidos do mundo e foi obtido exatamente uma década depois do lançamento do programa Asas do Bem, promovido pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).
Os números foram anunciados pela presidente da Abear, Jurema Monteiro, na última sexta-feira feira (27) durante o lançamento da Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos pelo Ministério da Saúde, em Brasília.
“Desde 2001, as companhias aéreas brasileiras contribuem para o sucesso do maior sistema público de transplantes do mundo transportando de forma gratuita e prioritária órgãos, tecidos e equipes médicas”, destacou Monteiro.
No Brasil a Força Aérea Brasileira e as polícias também participam do esforço do transporte de órgãos e tecidos para transplante, sendo que mais recentemente diversos operadores da aviação de negócios também aderiram ao projeto. Ainda assim, pelo volume de voos e aeronaves a aviação comercial segue sendo o principal meio de transporte no território nacional.
“Somente a aviação pode alcançar localidades mais distantes com a agilidade necessária para que o transplante seja bem-sucedido”, disse Monteiro.
Jurema ainda lembrou o lançamento do programa Asas do Bem em 2014 para reforçar a importância da doação de órgãos. “Ao transportar um órgão para transplante, as aeronaves recebem prioridade absoluta para pouso e decolagem, garantindo a eficiência da operação. Os órgãos são transportados com cuidados especiais pela tripulação e, em muitos casos, acompanhados por equipes médicas”, explicou.
A coordenadora da Central Nacional de Transplantes (CNT), Patrícia Freire, reconheceu a importância do setor aéreo para o sucesso do programa de transplantes do país. “É um trabalho tão complexo que, de tão complexo, parece que é muito difícil. Mas essa logística dá certo e em tempo hábil”, pontuou.
Embora aviação comercial tenha um papel fundamental na logística, o Brasil ainda carece de uma maior base de doadores. Segundo o ministério da Saúde, existem apenas quatro doadores a cada 14 pessoas aptas.
Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, é vital que o tema seja mais difundido na sociedade para que o número de doadores cresça. “É um número baixo se levarmos em consideração o tamanho do nosso país e a fila de espera por órgãos. Precisamos superar esses obstáculos para avançar nesta agenda”, disse a ministra.