Índice de segurança atual mostra ser necessário voar por 20 mil anos antes de sofrer um acidente fatal
Redação Publicado em 30/03/2021, às 16h00 - Atualizado às 22h39
Total de acidentes graves em 2020 foi de apenas cinco, ante oito um ano antes
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) divulgou o relatório de segurança da aviação regular de 2020, demonstrando que o número de acidentes totais reduziu consideravelmente, passando de 52 em 2019 para 38.
O número total de acidentes fatais diminuiu para cinco em 2020, ante os oito no ano anterior. Já a taxa de para cada milhão de decolagens foi 1,71 acidente, acima da média de 1,38 registrada entre 2016 e 2019.
Porém, a taxa de acidentes por milhão foi comprometida pela forte retração do transporte aéreo, que praticamente paralisou a aviação regular em 2020, comprometendo assim a análise. O total de operações de voo reduziu 53%, atingindo 22 milhões no ano passado, além disso, parte dos acidentes ocorreram entre janeiro e fevereiro, destoando ainda mais o comparativo
Da mesma forma, a taxa de acidentes das companhias aéreas associadas à Iata foi de 0,83 a cada um milhão de voos, uma melhora em relação à taxa média de cinco anos de 0,96.
A América Latina e o Caribe, que apresentam resultados satisfatórios em segurança aérea, encerrou com ano com nenhum acidente com perda total da aeronave, mesmo que sem vítimas fatais, ante uma taxa de 0,39 entre 2016 e 2019. Resultado idêntico os Oriente Médio, norte da África, América do Norte e Norte da Ásia. O pior resultado ficou com a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que reúne ex-países da União Soviética, que teve taxa de 1,37 acidente para cada milhão de decolagens.
A Europa encerrou 2020 com seu pior resultado, com taxa de 0,31 por cada milhão de decolagem, ante 0,14 nos últimos cinco anos. O índice está distorcido pela quase completa paralisação da aviação no continente, somado a perda de um avião em janeiro, na Turquia.
“A redução drástica no número de voos ampliou o impacto de cada acidente quando calculamos as taxas. Mas os números não mentem e não permitiremos que isso se torne uma tendência”, disse Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da Iata.
Mesmo com um quadro estatístico destoante dos últimos períodos, o risco de fatalidade permaneceu inalterado em 0,13 quando comparado à média de cinco anos. Com essa média, um passageiro teria que viajar mais de 168.000 vezes, ou seja todos os dias durante 461 anos, antes de sofrer um acidente com ao menos uma fatalidade.
Para ter certeza que morreria em um acidente aéreo seria necessário viajar todos os dias por 20.932 anos, algo próximo de 7,6 milhões de viagens.
“Voar é seguro, embora o setor tenha dado um passo atrás em relação ao desempenho em 2020”, destacou de Juniac. “Manteremos um foco ainda mais forte na segurança durante este período de operações reduzidas e quando os voos forem restabelecidos assim que as fronteiras forem reabertas”.
Ainda que 2020 tenha sido atípico, pela primeira vez em mais de quinze anos, não houve acidentes com perda de controle em voo (LOC-I), responsáveis pela maioria das fatalidades desde 2016.
Porém, a Iata ressalta que os dados preliminares do acidente com o voo 182 da Sriwijaya Air, no início de 2020, pode ter sido um revés nessa marca. “Com base nos relatórios iniciais da investigação sobre a trágica perda do Sriwijaya Air SJ 182 no início de 2021, ainda temos o que aprender e melhorar", disse de Juniac.