Para cumprir a meta e entregar 700 aviões até o final do ano a Airbus terá que quase dobrar a produção em três meses
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 24/09/2022, às 15h04
A Airbus confirmou seus planos para entregar até o final do ano, aproximadamente, 700 aviões comerciais. O número retoma o movimento do pré-crise, quando em 2019 havia uma crescente demanda por aeronaves novas e a Airbus entregou quase 1000 aviões.
Ainda que distante dos números de 2019, o total de entregas deste ano é o melhor nos últimos 24 meses, demonstrando assim a força da retomada do transporte aéreo ao redor do mundo.
O anúncio da Airbus ocorreu ontem (23) durante o Capital Market Day, quando foram apresentados uma série de informações de mercado. Um dos pontos mais importantes foi a confirmação da meta de atingir ao menos 700 entregas, que estava sendo colocado em dúvida por diversos analistas de mercado. Ao longo dos primeiros oito meses foram entregues 382 aviões, exigindo assim mais 320 aeronaves até o final de dezembro, com uma média mensal de 80 unidades (considerando o mês de setembro).
“Estamos totalmente engajados com nossos fornecedores para cumprir nossos compromissos com os clientes”, explicou Guillaume Faury, CEO da Airbus.
Um dos maiores desafios da Airbus será ampliar a produção, que praticamente terá que dobrar até o final do ano, passando de 47 aviões para 80. Ainda que exista internamente capacidade técnica e de trabalho, assim como posições de montagem, a Airbus trabalha junto aos parceiros para garantir o suprimento de milhares componentes. Atualmente 3.200 fornecedores enviam cerca de 3 milhões de peças diariamente para as linhas de montagem da Airbus.
A ampliação da capacidade está alinha a meta de atingir a capacidade de entregar 75 aviões da família A320neo até o final de 2025. Até dezembro de 2022, serão ao menos 50 aviões mensais. Contudo, atualmente o maior desafio é garantir a entrega dos motores, que continuam sendo produzidos em um ritmo inferior a capacidade da Airbus em finalizar suas aeronaves. Os principais fabricantes de motores aeronáuticos enfrentam uma série de entraves, especialmente com fornecimento de semicondutores, atrasando assim a retomada plena da capacidade. A escassez na produção global de semicondutores atinge toda a cadeia produtiva global, desde montadoras de veículos até fabricantes de smartphones e computadores, passando por praticamente todos os demais segmentos, incluindo o setor aeroespacial e até mesmo de alimentos.
Ainda assim, houve uma sensível melhora na cadência de produção de motores, permitindo a Airbus reduzir o número de aviões prontos, mas sem motor, de 29 no início do ano para menos de 10 unidades mensais.
O fabricante europeu está ciente dos desafios para ampliar o ritmo de produção e entrega no curto prazo, visto que diversas variáveis estão fora do seu controle, como problemas na logística global e diversas limitações que atingem seus fornecedores. “É tudo menos um passeio no parque”, afirmou Dominik Asam, diretor financeiro da Airbus.