Resultado é praticamente o dobro da Boeing e mostra mudança na disputa entre os dois fabricantes
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 03/01/2022, às 17h15 - Atualizado às 18h14
Família A320neo se tornou líder no segmento de aviões de corredor único | Foto: Airbus/Divulgação
A Airbus provavelmente superou a meta de entregar 600 aviões ao longo de 2021, mantendo um dos maiores índices de crescimento da indústria aeronáutica em meio a crise sanitária.
O resultado oficial será divulgado apenas na próxima semana, mas a agência Bloomberg afirma que fontes internas da Airbus confirmaram o total de 610 aeronaves entregues no ano passado.
Índia vai usar caça Rafale M em teste para futuro porta-aviões
O valor deverá ser confirmado, visto a soma de entregas divulgadas até o terceiro trimestre, mais o cruzamento de dados feito pela AERO Magazine baseado em sites que acompanham entregas dos principais fabricantes do mundo.
O resultado da Airbus confirma o crescimento do fabricante em meio a retomada do transporte aéreo e a boa aceitação do mercado com relação as famílias A320neo e A350 XWB.
No outro lado do Atlântico a Boeing amarga duras perdas nos últimos anos, incluindo a perda de credibilidade após enfrentar mais de vinte meses de proibição de voos da família 737 MAX, somado aos problemas de qualidade apresentados pelos 787 Dreamliner e dos KC-46 Pegasus, esses últimos os novos aviões tanque da força aérea dos Estados Unidos.
Boeing deverá obter a certificação do 777-9 ainda em 2022 e iniciar as entregas no segundo semestre | Foto: AERO Magazine/Fernando Marcato
A Boeing entregou em 2021 apenas 302 aviões, pouco menos da metade do total da rival europeia. Parte do impacto foi causado pela minuciosa revisão exigida pelos 737 MAX já produzidos, que além de atrasar a entrega ainda postergou a retomada da produção do modelo, somado as constantes suspensões nas entregas dos 787.
Ainda que mantenha ampla liderança, a Airbus enfrentou alguns desafios ao longo de 2021, como atrasos na produção no A350, que sofreu com problemas na cadeia logística, assim como problemas na qualidade da pintura.
Nas últimas duas décadas a Airbus e Boeing tradicionalmente disputaram a liderança nas entregas da aviação comercial, com uma pequena vantagem para uma ou outra ao longo dos anos.
A Airbus deverá encerrar 2021 coma maior vantagem histórica no total de entregas e encomendas, após obter bons resultados no segundo semestre. A Boeing, por outro lado, viu a retomada das vendas do 737 MAX, mas enfrentou graves problemas de qualidade no 787, atrasos no programa de desenvolvimento do 777X e agora deverá enfrentar a concorrência do A350F no setor cargueiro, onde tradicionalmente sempre teve liderança absoluta. Por quase dois anos a Boeing não obteve nenhum contrato adicional para a família 737 MAX, mas a expectativa é de retomada das vendas ao longo de 2022, e a certificação do 777-9.
A expectativa do setor é que este ano representará a retomada para a Boeing, que há quase três anos trabalha para solucionar uma série de problemas internos. Segundo fontes internas da Boeing consultadas pela AERO Magazine, os primeiros 787 deverão voltar a ser entregues em meados de abril. Já o 777-9 deverá ser certificado em meados deste ano, com as primeiras entregas ocorrendo no segundo semestre.