Versão convertida do A330 é uma das apostas da Airbus para finalmente brigar pelo mercado de cargueiros
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 13/06/2022, às 15h35
A Airbus entregou o primeiro A330 convertido para cargueiro em janeiro desde ano, dentro do programa A330 Passanger-to-Freighter (P2F, passageiro para carga, em uma tradução literal).
O modelo é a aposta da Airbus para atender a crescente demanda cargueira e finalmente ingressar no cobiçado mercado de aviões convertidos. O programa A320P2F e A321P2F, voltados para o mercado de média capacidade, tem obtido boa aceitação no mercado, competindo diretamente com modelos veteranos 737-400F e 757F.
A Airbus trabalha para aproveitar a elevada demanda por transporte de carga pelo modal aéreo, em especial em um período de retomada das linhas de produção e atrasos na cadeia logística global.
O fabricante aponta que o transporte aéreo de carga “tem sido maior no meio da crise na cadeia logística, afetada pelo transporte marítimo de carga e que tem levado os operadores da região a pensar em adaptar-se rapidamente”.
Uma das apostas da Airbus é conquistar especialmente o mercado da América Latina, que tem apontado forte crescimento no setor de carga, no comparativo anual, quase 22% em termos de toneladas carga por quilômetro (RTK, na sigla em inglês), recuperando praticamente os níveis de 2019, de acordo com os dados mais atualizados da IATA.
A oferta do A330P2F para as empresas aéreas da região é uma aposta em uma plataforma com boa capacidade de transporte, custos operacionais inferiores aos rivais diretos, além de empregar uma plataforma relativamente nova e moderna.
Segundo a Airbus, o A330P2F oferece aos operadores 20% menos combustível queimado e até 30% mais carga útil do que os da geração anterior.
Neste contexto, a mexicana Más foi uma das primeiras operadoras de cargueiros na América Latina a anunciar novas encomendas para atender à procura do mercado, selecionando o A330-200P2F e o A330-300P2F.
Os aviões oferecem uma carga útil de mais de 60 toneladas e um alcance de voo até 7.780 km, o que permitiria abrir mercados diretos entre a América Latina e a Europa, ou ligar a região à Ásia.
Embora a Airbus tenha ofertado por vários anos a versão nova de fábrica do A330 cargueiro, com ampla disponibilidade de rivais usados para conversão cargueira, com menores custos, o modelo não foi bem-sucedido em suas vendas, ao contrário da versão de passageiros que é um dos maiores sucessos da Airbus. Porém, a versão convertida poderá reverter o cenário, inserindo o A330 cargueiro em um novo cenário de renovação da frota e ampliação da capacidade das empresas aéreas, em especial na América Latina.