Investigação sobre o acidente com o voo AI171 da Air India considera sabotagem e falha mecânica
Por Marcel Cardoso Publicado em 30/06/2025, às 09h22
As autoridades indianas investigam diversas hipóteses para o acidente com o voo AI171 da Air India, que deixou 260 mortos em 12 de junho. Entre as possibilidades, o ministro de Estado para Aviação Civil, Murlidhar Mohol, não descarta sabotagem nem falha simultânea dos dois motores.
Trata-se do primeiro acidente fatal com um Boeing 787 desde que o modelo entrou em operação, em 2011. Das vítimas, 241 estavam a bordo e 19 se encontravam em solo. O caso apresenta uma exceção rara: um único sobrevivente, cuja versão pode ser decisiva para esclarecer os momentos finais do voo.
O ministro disse à imprensa que todas as possibilidades estão sendo consideradas, incluindo falha mecânica, erro humano, colisão com aves e sabotagem deliberada. Imagens de câmeras de segurança dos últimos trinta dias no aeroporto de Ahmedabad (AMD) estão sendo analisadas, assim como registros de passaportes e movimentos de passageiros.
As caixas-pretas, gravador de voz da cabine e registrador de dados de voo, foram recuperadas e enviadas para o novo laboratório Aircraft Accident Investigation Bureau (AAIB) em Nova Delhi. A decodificação será feita inteiramente na Índia, com apoio técnico de agências dos EUA e Reino Unido. A previsão é que um relatório preliminar seja divulgado em até três meses.
Paralelamente, a Direção-Geral de Aviação Civil (DGCA) determinou a realização de uma auditoria em toda a frota de 33 Boeing 787 da Air India. A ação, no entanto, foi adiada devido às tensões geopolíticas entre Israel e Irã, que resultaram no fechamento de rotas aéreas no Oriente Médio.
Além da auditoria, a DGCA ordenou o afastamento de três funcionários seniores da empresa, responsáveis pela escala de tripulações, por violações graves de protocolo. O episódio reacendeu críticas nas redes sociais sobre os padrões de segurança da companhia.
A Air India, por sua vez, disse que a aeronave acidentada e seus motores tinham manutenção em dia. Segundo N. Chandrasekaran, presidente da empresa, os motores foram inspecionados em março e no ano anterior, e os pilotos eram experientes.
O ministro também mencionou o aumento significativo de ameaças de bomba falsas contra voos da Air India desde outubro de 2024, quando a companhia recebeu dez alertas em dois dias. Embora até o momento nenhum tenha se concretizado, a hipótese de atentado ganha relevância, caso se confirme que o AI171 foi alvo de sabotagem. Isso pode levar a mudanças regulatórias mais rígidas sobre como essas ameaças são tratadas.
Enquanto a investigação prossegue, a empresa lida com atrasos no seu programa de renovação da frota. Campbell Wilson, CEO da Air India, disse que quatro dos cinco fornecedores de assentos estão com entregas atrasadas, e um deles abandonou o contrato, comprometendo o cronograma de retrofit em até dois anos. Parte da frota do Boeing 787 foi retirada de operação para inspeções adicionais, o que pode afetar a continuidade do plano.
Os trabalhos de modernização estavam previstos para começar em julho, mas, diante do cenário atual, ainda não está claro se os prazos serão mantidos.