Boeing alerta sobre problema de aterramento do sistema elétrico no cockpit do avião
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 09/04/2021, às 13h00 - Atualizado às 14h39
Problema envolve apenas uma parte da frota atual de 737 MAX no mundo
Uma falha nos processos de produção, envolvendo o sistema elétrico, comprometeu a segurança de parte da frota global de 737 MAX.
A Boeing afirma que notificou dezesseis empresas aéreas no mundo, mas que o problema é relacionado apenas a um grupo especifico de aeronaves. As companhias devem verificar se existe espaço de aterramento suficiente para o sistema elétrico.
O defeito é relacionado ao caminho de aterramento suficiente para um componente dentro do cockpit, sem qualquer relação com o MCAS, acrônimo para Sistema de Aumento das Características de Manobra, que foi responsável por dois acidentes fatais com o 737 MAX.
Analistas da Boeing consultados por AERO Magazine, mas que optaram pelo anonimato, explicaram que a falha é referente ao sistema de redundância de energia que alimenta parte de equipamentos na cabine dos pilotos, atuando junto ao painel de disjuntores (circuit beaker).
Por ora, a Boeing não divulgou o total de aeronaves afetadas, mas a Southwest Airlines retirou trinta unidades do 737 MAX de serviço, enquanto outros 28 não foram encontrados nenhum defeito relacionado ao alerta do fabricante.
Ainda que a falha não seja crítica, e sua identificação seja positiva, demonstrando o intenso trabalho de avaliação do avião, o problema é uma notícia indesejável para a Boeing. Ao longo de vinte meses o 737 MAX esteve proibido de voar, exigindo uma complexa revisão do projeto, processo de produção e de qualidade.
Recentemente David Calhoun, presidente-executivo da Boeing, afirmou que estava sendo conduzido um intenso escrutínio em todos os processos relacionados ao 737 MAX.
A paralisação do 737 MAX foi um dos episódios mais sombrios na história da Boeing, que se viu envolvida inclusive em uma análise de um comitê especial no Congresso dos Estados Unidos, que realizou uma série de audiências para analisar as metodologias do fabricante. Ao mesmo tempo a FAA, a agência de aviação civil dos Estados Unidos, alterou normas e processos de certificação de aeronaves modernizadas.
"Eles [acidentes] foram o terrível resultado de uma série de suposições técnicas incorretas dos engenheiros da Boeing, uma falta de transparência por parte da administração da Boeing e uma análise insuficiente da FAA", afirmou o relatório do Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara americana.
A Boeing, em nota, afirmou que está trabalhando em estreita colaboração com a FAA e clientes para solução do novo problema.
Abaixo a íntegra do comunicado emitido pela Boeing:
"A Boeing recomendou a 16 clientes que verifiquem um possível problema elétrico em um grupo específico de aeronaves 737 MAX antes de continuarem com a operação das mesmas. A recomendação é que verifiquem se existe espaço de aterramento suficiente para um componente do sistema elétrico.
Estamos trabalhando em estreita colaboração com a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) nesta questão de produção. Também estamos informando especificamente nossos clientes impactados e forneceremos orientações sobre quais as medidas corretivas adequadas."