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NASA coloca à venda avião pelo preço de um carro popular

Com pouco mais de R$ 50 mil, menor do que o preço de um carro popular, é possível comprar um protótipo de avião da NASA


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Você já pensou em ter um avião da NASA? Com aproximadamente R$ 50 mil é possível tentar comprar um dos aviões de ensaios e testes usados pela NASA  

A agência aeroespacial dos Estados Unidos está vendendo o seu Quiet Short-Haul Research Aircraf (QSRA), baseado em um C-8A Buffalo, por US$ 10 mil. O avião foi criado nos anos 1970 para avaliar questões de design e operação em pistas curtas e com baixa emissão de ruído.

O projeto previa converter um bimotor turboélice criado para operação militar em um veículo utilitário quadrimotor a jato. Além disso, o QSRA incorporou uma série de conceitos na época experimentais, como novos controles de voo, aviônica digital, entre outros.

O programa foi desenvolvido para atender aos problemas de aeroportos centrais, que eram uma realidade nos principais centros urbanos do mundo. A maioria enfrentava problemas de tráfego aéreo, pistas limitadas e ocupavam áreas densamente povoadas. A solução era a criação de aeroportos diminutos, chamados de STOLports, que poderiam ser construídos em áreas urbanas com menor impacto na dinâmica da cidade, mas oferecendo elevada capacidade de conectividade aérea. Um dos entraves para o conceito era o ruído gerado pelos aviões, como os Boeing 727, 737 e BAC One-Eleven, com motores com baixa taxa de diluição (by pass ratio).

O projeto previa não apenas criar um modelo de aeronave com motores mais silenciosos, mas estudar o quanto o design poderia afetar ou não a geração de ruído, além de impactar nas capacidades operacionais.

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O QSRA poderia pousar em apenas 167 metros e decolar com 202 metros de pista

Contudo, a NASA passava por uma redução considerável de orçamento e acumulava gastos do programa Apollo e destinava grade parte dos recursos para o projeto do Ônibus Espacial e exploração planetária, restando pouco para qualquer projeto aeronáutico de maior complexidade.

Os executivos da NASA descobriram que o Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR, na sigla em inglês) planejava se desfazer de um de Havilland DHC-5 Bufallo, que poderia ser recebido sem custos de aquisição. Além de evitar gastos com a compra de um avião, o Bufallo oferecia uma vantagem adicional, era um projeto antigo e suas restrições de design poderiam ser amplamente estudadas dentro do conceito de aeronaves silenciosas.

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Em 1980 o QSRA realizou uma série de operações no porta-aviões USS Kitty Hawk

Assim, os engenheiros passaram a trabalhar nas modificações necessárias, incluindo a troca dos dois motores turboélices por quatro turbofans AVCO-Lycoming YF-102. Aliás, os propulsores também eram uma oportunidade. O motor havia sido usado no protótipo do avião de ataque ao solo Northrop A-9A e um pequeno lote estava disponível em custos.

Entre os desafios estava em construir uma nova asa e sistemas de controle de voo, visto que seria necessário reprojetar grande parte do avião, em especial suas superfícies de sustentação. A asa ficou a cargo de um subcontrato com a Boeing, que construiu um perfil enflechado, que incluía novo sistema de flap e um complexo controle da camada limite (Boundary Layer Control).

Por ser voltado para testes diversos, o trem de pouso se tornou fixo e foi projetado para suportar pouso com razão de descida na ordem de 700 pés por minuto. O sistema ainda permitiu avaliar a influência do conjunto na geração de ruídos. O peso máximo de decolagem do QSRA era de 27.200 quilos.

Por ser voltado para estudos de operação em pista curta e etapas curtas, a velocidade de cruzeiro era de apenas 160 nós (295 km/h). Já a velocidade de aproximação planejada era de 60 nós (111 km/h), mas durante os testes o avião conseguiu operar com 50 nós (92 km/h). Durante os ensaios o avião conseguiu decolar com apenas 202 metros e pousar em 167 metros. Parte dos ensaios foi conduzido em parceria com a Marinha dos Estados Unidos (US Navy), mostrando as boas características operacionais.

Após diversos voos, os engenheiros descobriram que uma das formas de reduzir o impacto sonoro durante o pouso era ampliar de 3 graus para 7,5 graus a rampa de aproximação, surgindo assim os requisitos do chamado procedimento de aproximação íngreme (steep approach).

Após os estudos o avião foi estocado no Ames Research Center, em Mountain View, na Califórnia.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 14/12/2023, às 15h05


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