Plano da Gol Linhas Aéreas de negociar seus contratos diretamente com seus fornecedores pode não ser viável
A Gol Linhas Aéreas pode entrar com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, para rever contratos em meio ao processo de reestruturação financeira.
Uma possível reorganização financeira seguindo a lei norte-americana do Chapter 11 daria a Gol uma melhor possibilidade de renegociar seus acordos, principalmente os firmados com as empresas de arrendamento de aviões.
A transportadora possui dívidas que somam cerca de R$ 20 bilhões, com aproximadamente R$ 3 bilhões vencendo no prazo de doze meses. Embora suas operações estejam apresentado resultados positivos, a companhia não possui liquidez para honrar os compromissos.
A Gol pretendia renegociar seus contratos com cada um dos seus credores, algo parecido com a operação que a congênere Azul fez ao longo do ano passado, mas devido as dificuldades nas negociações cogita entrar com um pedido de recuperação judicial.
A segunda maior companhia aérea do país poderia seguir caminho semelhante ao da Latam, que saiu fortalecida depois do pedido de recuperação judicial junto a um tribunal de Nova York, assegurando a liderança do mercado no pós-crise sanitária.
Em comunicado ao mercado e aos seus investidores, a Gol diz que "permanece comprometida com o objetivo de captar recursos para fortalecer seu caixa e segue em discussões com seus stakeholders financeiros para alcançar a referida reestruturação consensual, observado, contudo, que não há, na presente data, qualquer definição sobre a forma de sua implementação, motivo pelo qual a companhia entende que não há, neste momento, que se falar em fato relevante".
O grupo Abra, holding controladora da brasileira e da colombiana avianca, contratou advogados e consultorias para assessorar na reoganização dos débitos que inclui R$ 9,3 bilhões em títulos de dívida e R$ 9,8 bilhões atrelados a sua frota.
A apresentação de novas garantias é o principal empecilho nas negociações, já que parte dos ativos da Gol foram incluidos no acordo societário da Abra. O grupo pode inclusive participar do processo de recuperação judicial.
As próximas semanas são cruciais para viabilizar o plano inicial e evitar um possível pedido junto ao tribunal norte-americano, cuja as regras de proteção são mais viáveis tanto para os fornecedores como para a continuidade e viabilidade das operações da empresa.
Por Wesley Lichmann
Publicado em 15/01/2024, às 09h30
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