O dia em que a torcida invadiu o mais movimentado aeroporto da América Latina
São 15 mil fanáticos vestidos de preto e branco. Um bando de loucos, prontos para a invasão. Começa a escurecer em São Paulo e a multidão só aumenta. Uma legião a postos para tomar conta de um território bem diferente dos estádios.
A partir da Marginal do Rio Tietê, as vias de acesso ficam entupidas de gente, um mar alvinegro com ondas de proporções “tsunâmicas” a caminho do maior aeroporto do país.
A ocupação começa pelo estacionamento. Tudo dominado. Hinos e gritos de guerra já ecoam da multidão. Cantam com toda a força. Um brado que até os comandantes podem ouvir na final, de dentro de seu cockpit.
Confinados em um canto isolado para poupar os terminais de embarque e desembarque, os loucos aguardam ansiosamente não um voo, como se poderia esperar de quem está em Cumbica, mas um ônibus.
Trata-se de uma festa de despedida antes da guerra. Eles esperam seus heróis em Guarulhos, de onde voarão para o outro lado do mundo em busca de um título que parecia impossível, o mundial interclubes da Fifa disputado no Japão.
O time chega sem alarde. E os jogadores embarcam por uma área especial no voo Emirates 262 com destino a Dubai, a primeira escala antes do destino final. Sem contato com os atletas, o bando parte desordenado para o saguão do aeroporto.
Sim, é um estouro da boiada. Aeroviários, atônitos, filmam a entrada daqueles 15 mil loucos, que transformam o terminal 2 de Cumbica em uma arquibancada de estádio de futebol em final de campeonato.
Bandeiras tremulando, cantos apaixonados e gente de preto passando sem parar. Um espetáculo proporcional à paixão de uma torcida de 30 milhões de sofredores. O show continua sem um minuto de interrupção, até que o Boeing 777 deixa o solo na proa do Oriente Médio.
A algazarra se dissipa no aeroporto, deixando seu rastro, mas, de casa, outros loucos acompanham pelo computador o triplo sete. Em sites como Flight Radar 24 e Flight Aware eles se transformam em controladores e monitoram o voo virtualmente. Usam a tecnologia ADS-B, quem diria. Só mesmo o Corinthians.
Vinícius Casagrande
Publicado em 13/12/2012, às 08h46 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
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