Empresas aéreas fecham o ano com saldo positivo e se preparam para turbulências em 2016
Em encontro com jornalistas, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) apresentou o panorama da aviação comercial brasileira em 2015 e as previsões para 2016.
Ao contrário dos anos anteriores quando o crescimento vinha mantendo os dois dígitos, 2015 encerrou com a demanda por voos domésticos avançando 0,8% em comparação com todo o ano de 2014. A evolução foi ligeiramente acima da oferta, que cresceu 0,7%. O fator de aproveitamento ficou praticamente inalterado, com aumento de 0,06 ponto percentual, fechando o ano em 79,95%. Considerando a série histórica da ANAC, esse foi o pior resultado anual para a demanda desde 2003, quando houve retração de 6%.
Segundo os dados apresentados, foram realizadas 94,3 milhões de viagens domésticas, uma retração de 0,4% na movimentação de passageiros.
“Em 2014 – quando não tivemos crescimento nos meses da Copa, apesar do gigantesco desafio operacional – ainda conseguimos progredir 5,7%. Nesse ano (2015) desde julho estacionamos e a partir de agosto começamos a regredir”, afirmou Eduardo Sanovicz, presidente da Abear.
Diante da perspectiva de nova retração do PIB em 2016 as empresas aéreas devem enfrentar um novo desafio. “Somos um setor que tem sua dinâmica intimamente ligada à atividade econômica nacional” comentou Sanovicz.
Ao longo de 2015, os resultados da aviação doméstica revelaram momentos bem distintos: desaceleração, estagnação e queda. O início do ano foi marcado por vendas realizadas em 2014, quando os primeiros sinais de retração econômica começavam a despontar, mas eram vistos com certa incerteza por parte dos consumidores. Além disso, no final do ano, visando recuperar as viagens perdidas durante a Copa, as empresas intensificaram seus esforços de vendas, o que levou a uma alta de 9,1% na demanda em janeiro de 2015.
Com a rápida contaminação do cenário econômico por problemas políticos, os voos corporativos ficaram reduzidos à metade do usual. Com o mercado em retração, as empresas aéreas passaram a oferecer novas tarifas mais vantajosas, com o objetivo de recuperar o vácuo deixado pelos clientes corporativos. Contudo, o espaço não foi ocupado pelos demais passageiros, que se tornaram mais sensíveis a gastos desnecessários. Com isso, ainda no começo do ano a demanda passou a caminhar a taxas progressivamente menores, variando entre 1% e 2%. Ainda assim, houve uma reação pontual em julho, época de férias, com alta de 8,3%, seguido de retração em todos os meses posteriores, com queda de 5,7% em outubro, 7,9% em novembro e de 4,9% em dezembro.
Transporte internacional
A demanda por voos internacionais nas companhias aéreas brasileiras fechou 2015 com expansão de demanda de 13,3%, pouco abaixo da oferta, que avançou 14,1%. O fator de aproveitamento caiu 0,6 ponto percentual, ficando em 81,86% no ano. O total de viagens chegou a 7,3milhões, aumento de 14,25%.
Ao inverso do que ocorria até meados de 2006, as brasileiras têm hoje menos de 30% do total do mercado enquanto as estrangeiras ficam os mais de 70% restantes. Em consulta aos dados disponíveis na ANAC demanda total acumulada até o final do terceiro trimestre de 2015 registrava um crescimento de 1%. As empresas brasileiras obtiveram relativo crescimento no período, ao conquistar parte dos passageiros das empresas estrangeiras que operam no país. Parte dessa conquista se deu através de ofertas e promoções pontuais, assim como considera-se o ingresso da Azul no mercado internacional.
Redação
Publicado em 28/01/2016, às 15h00 - Atualizado às 16h46
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