Editorial - Edição 236
Redação Publicado em 29/01/2014, às 00h00 - Atualizado em 30/01/2014, às 00h16
Depois de mais de uma década e meia de indefinição, o governo oficializou sua decisão em relação à compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira. O vencedor do Projeto F-X2 é o Saab JAS-39E Gripen. Levando-se em consideração o início das conversas em torno da renovação da frota de defesa aérea nacional, as idas e vindas da concorrência, o tempo de desenvolvimento e entrega dos aviões e a saída dos modelos de serviço, o Gripen promete permear a história do país por pelo menos meio século, o que pode se estender por bem mais tempo. Muito se falou sobre a decisão e há uma série de dúvidas no ar. As principais delas recaem sobre o custo de desenvolvimento do caça e a curva de aprendizado até que o avião esteja operando de forma eficiente, sobretudo ao se considerar que nem o protótipo voou. Contudo, parece não haver dúvidas de que, se, no final do processo, o Brasil for capaz de projetar e fabricar um interceptador de geração 4++, esforços e investimentos terão valido a pena, como mostra nosso especial com 22 páginas, que mobilizou boa parte da equipe de AERO já a partir do dia 18 de dezembro, data do anúncio.
O ano-novo foi realmente agitado. Além da vitória dos suecos, o mercado de aviação executiva recebeu com surpresa a notícia de que a controladora da Cessna havia comprado a Beechcraft Corporation. Com o negócio, a Textron, que também detém a Bell Helicopter, passa a oferecer o maior portfólio de aeronaves da aviação geral que um fabricante já dispôs. São os norte-americanos jogando pesado. Quem iria imaginar que, depois de quase 90 anos desde que Clyde Cessna e Walter Beech, em parceria com Lloyd Stearman, fundaram a Travel Air Manufacturing Company, em Wichita, Kansas, os dois sobrenomes voltariam a se entrelaçar? Para marcar a decisão, preparamos uma matéria de história sobre as origens e o legado da Beechcraft.
Ainda nesta edição, duas reportagens abordam os desafios da aviação comercial no Brasil. Em uma apontamos as necessidades dos aeroportos do país em ano de Copa do Mundo e em outra mostramos a cobertura da conferência mundial de mídia da Iata em Genebra, na Suíça, da qual participamos a convite da entidade. O famigerado colapso durante os períodos que antecedem e sucedem a competição de futebol está descartado, mas ainda há muito a fazer, e discutir, para desobstruir por completo os gargalos de infraestrutura aeroportuária do país.
Finalmente, temos o ensaio do vistoso TL Sirius 3000, um LSA asa alta que agradou nosso experiente piloto Lídio Bertolini em dois voos realizados no interior de São Paulo. E, como diria Fernando Almeida, “avião bonito voa bem”.
Bom voo,
Giuliano Agmont e Christian Burgos