O próprio piloto raptou o avião e a força aérea não decolou por estar fora do expediente
Redação Publicado em 20/02/2014, às 15h05
A história do ETH702, da Ethiopian Airlines, ganhou ares cinematográficos ao protagonizar um enredo que foi do trágico ao cômico. Na madrugada do dia 17, um Boeing 767 da Ethiopian, que seguia para Roma, foi sequestrado por seu piloto, ainda sobre o Sudão, e teve como destino a cidade de Genebra, na Suíça. Assim que foi declarado o sequestro e o avião ingressou no espaço aéreo italiano, o voo passou a ser acompanhado por caças Typhoon, da Força Aérea Italiana. A escolta foi realizada até a fronteira com a França, onde um par de Mirage 2000 da Força Aérea Francesa assumiu a escolta. No entanto, mesmo que pareça piada, a Suíça, um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, não interceptou o Boeing da Ethiopian Airlines porque estava fora do horário de expediente da Força Aérea. Em nota, os suíços afirmaram que a força aérea trabalha apenas de segunda a sexta-feira no horário comercial. Com isso, o voo ETH702 prosseguiu até Genebra sendo escoltado pelos Mirage franceses.
Outra peculiaridade do sequestro é a forma como foi conduzido. Ao sobrevoar o Sudão, o copiloto, de 31 anos de idade, trancou-se na cabine após o comandante se ausentar por alguns instantes. Após assumir o controle do avião, anunciou as autoridades o sequestro, alterando a rota e sobrevoando o Egito, onde afirmou que prosseguiria em direção a Líbia. No entanto, mudou a rota para a Europa, sobrevoando justamente a Itália, destino original do voo. O copiloto informou que queria pedir asilo político pois estava sendo ameaçado em seu país.
Após o pouso, o sequestrador desceu da cabine por uma corda e se entregou à polícia local.
Os passageiros não ficaram sabendo do sequestro, apenas estranharam o maior tempo de voo. Por fim, de acordo com o porta-voz da polícia de Genebra, Eric Grandjean, as autoridades policiais, em princípio, pensaram que se tratasse de um pouso de emergência para reabastecimento, antes de se darem conta de que era um sequestro. Segundo as autoridades da Suíça, em vez do asilo, o mais provável é que o copiloto sequestrador receba uma sentença de até 20 anos em regime fechado.