Nasa adota tecnologias raras dos anos 1950 para reduzir o estrondo do voo supersônico

Com soluções pouco usuais, programa QueSST quer derrubar proibição de sobrevoos de áreas povoadas acima da velocidade do som

Por Ernesto Klotzel Publicado em 22/08/2017, às 12h00 - Atualizado em 24/08/2017, às 14h51



Uma série de testes em túnel de vento deu origem a soluções pouco usuais no programa do um X-Plane da NASA, supersônico, buscando satisfazer as especificações do projeto da Lockheed Martin.  O avião supersônico (QueSST, ou Quiet Supersonic Technology) de demonstração, que iniciará uma série de testes em 2020, conta com a admissão de ar de seu  único jato montado de maneira rara, só encontrada no passado em jatos como o Douglas X-3 ‘Stiletto’ e o Convair F2Y ‘Sea Dart’.

O programa – como muitos antes dele – tem como objetivo controlar o estrondo sônico (sonic boom) causado pelo rompimento da barreira do som. A NASA vai apresentar os dados dos testes ao FAA em meados de 2020, esperando convencê-la a modificar a proibição de meio século atrás de voos supersônicos de aeronaves civis sobre áreas habitadas.

A maioria dos supersônicos tem motores montados ou próximos ao nariz da aeronave ou sob a fuselagem. Desta vez, a NASA resolveu montá-los no topo do avião, proporcionando um “escudo anti-boom”. O ruido produzido pelo motor é desviado para cima, não se propagando para baixo em direção ao solo.


Convair F2Y Sea Dart (alto) e Douglas X-3 Stiletto

O Centro de Pesquisas Glenn da NASA em Cleveland, Ohio, realizou 73 horas de testes com o modelo do X-Plane em seu túnel de vento de 2,40 X 1,80 m, satisfazendo plenamente os engenheiros. A agência pretende realizar uma passagem rasante sobre uma cidade (a ser escolhida) em velocidade de Mach 1.4. 

Prevê-se que a atenuação do sonic boom seja de 75db no solo, comparado aos 105db do ‘Concorde’. A meta faz com que o nariz do novo X-Plane tenha um comprimento "fora do comum", prejudicando a visão do piloto e exigindo da NASA um sistema de visão externa (VXS). A onda de choque também é enfrentada pelas superfícies “canard” à frente do cockpit.

A aeronave também apresenta pequenas superfícies na deriva vertical que formam uma cauda “T” em miniatura. Tudo para contribuir para reduzir o boom sônico.