Tecnologia brasileira alia câmeras de alta resolução e Inteligência Artificial em sistema de segurança high-tech
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 19/03/2022, às 09h00
O hangar da Azul no aeroporto de Viracopos, em Campinas, conta com um moderno sistema de monitoramento que permite garantir a integridade de todo o perímetro da área de manutenção.
O sistema usa um algoritmo inteligente que consegue identificar um ser humano, mesmo camuflado, e diferenciar seu movimento de um animal, veículo, entre outros.
Chamado de Projeto do Hangar em Viracopos, criado pela Avantia, utiliza um complexo sistema de vídeo monitoramento com 209 câmeras, incluindo do tipo Fisheye, multisensor 180º, multisensor 360º, que com ajuda de Inteligência Artificial permite controlar de forma automática o acesso de pessoas e veículos.
“Através do conceito de deep learning, que é o conceito de analítico de vídeo, nós pedimos para a máquina entender o que é uma pessoa,um carro. Nós ensinamos a máquina, com macchine learning, e a partir daí geramos o algoritmo de pessoas e temos uma assertividade muito grande”, explica Maurício Ciaccio, sócio-diretor da Avantia.
Além de gerar alarmes que indicam a abertura e fechamento de portões ou a invasão de perímetro. A tecnologia é similar a existente em meios militares, onde câmeras de alta resolução e um algoritmo avançado conseguem confirmar a presença de pessoas estranhas, permitindo assim um maior controle de toda a área.
O hangar da Azul, como a maioria deste tipo de instalação, fica em uma área restrita do aeroporto, mas com grande fluxo de pessoas e movimentação constante de aeronaves e veículos. O controle de acesso é fundamental para garantir a absoluta segurança operacional do centro de manutenção e até mesmo dos voos.
“Um dos temores dos aeroportos, empresas aéreas e autoridades, é a violação da segurança. Terroristas e criminosos podem sabotar ou embarcar armas ou drogas a bordo caso exista falhas que possam ser burladas”, destaca Olavo Gomes, consultor de defesa.
A tecnologia ainda trouxe outros benefícios, entre eles a ampliação do espaço físico para manobras e a redução de custos com estacionamento de aeronaves paradas.
“Nosso hangar fica na divisa entre uma área pública e outra restrita do aeroporto de Viracopos, onde concebemos um zoneamento entre áreas que, com o auxílio dos recursos tecnológicos embarcados em nosso projeto de implantação de segurança, garantimos o mesmo nível de segurança exigido por regulamentações do setor e entre os órgãos envolvidos, como ANAC, Polícia Federal, Receita Federal e a administradora aeroportuária ABV”, conta José Monteiro, Coordenador de Segurança Patrimonial da Azul.
O sistema usado em Viracopos é similar ao adotado pelo Recife, onde a Avantia realizou um projeto similar, embora voltado para um monitoramento urbano. A tecnologia brasileira conta com uso de sistemas importados, mas a parte de desenvolvimento e algoritmos foram criados no Brasil.
Um dos desafios de um sistema de vigilância são os pontos cegos, mas o projeto brasileiro contou com análise do posicionamento das câmeras e uso de lentes de grande abertura.
Diversos países utilizam Inteligência Artificial em monitoramento de aeroportos, vias públicas, sistemas de defesa, entre outros. Alguns novos drones usados, por exemplo, pelos Estados Unidos, utilizam o mesmo conceito, onde o sistema consegue identificar as ameaças, diferenciando uma pessoa, um animal, conseguindo obter detalhes em alta resolução que permite avaliar o grau de ameaça existente. No caso militar alguns sistemas já conseguem engajar de forma autônoma inimigos, identificando com precisão alvos prioritários.
“A tendência é um uso extensivo de Inteligência Artificial no monitoramento de aeroportos, seja áreas restritas ou de uso público, como terminais de passageiros”, afirma Gomes.