Redação Publicado em 17/10/2011, às 12h47 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
A Feira Internacional do Ar e do Espaço (Fidae) chega à sua 17º edição em 2012, ano em que completa 30 anos de existência. O evento, que acontecerá no Aeroporto de Santiago do Chile entre os dias 27 de março e 1º de abril, é a principal plataforma de negócios aeronáuticos da América Latina. A previsão é de pelo menos 400 expositores. Em 2010, a feira recebeu mais de 85 mil visitantes. Aos 48 anos de idade, o coronel-aviador Jean Pierre Desgroux é o atual diretor-executivo da Fidae, que é organizada pela Força Aérea do Chile. Ex-comandante e subsecretário da Aviação do Chile, ele diz nesta entrevista que a crise mundial preocupa, mas não assusta: "Temos de converter crise em oportunidade".
Aero Magazine - Quantos expositores estarão presentes na Fidae 2012?
Jean Piere Desgroux - Teremos cerca de 400 expositores de quarenta países. Já temos confirmadas as presenças de empresas sul-americanas, norte-americanas, europeias e asiáticas. Também estarão presentes representantes de diversas delegações estrangeiras, civis e militares.
Quais países terão maior presença na exposição?
Principalmente Estados Unidos, China, Índia, Israel e Brasil.
Como será a participação da China?
A área de exposição chinesa alojará empresas como Avic International Holding Corporation, que se dedica à importação e exportação de produtos nas áreas civil, militar e espacial, e CETC International Co., pertencente à área industrial. A feira aeronáutica de Zhuhai também estará presente com um estande. O número de expositores de origem chinesa é muito positivo. O Chile, tem boas relações comerciais com a Ásia. E dos cinco principais sócios do Chile, três são asiáticos: China, Japão e Coreia do Sul.
E quais as perspectivas em relação ao Brasil e a outros países da América Latina?
O Chile é o segundo sócio do Brasil na América Latina e o comércio bilateral entre ambos vem crescendo em média de 20% ao ano, o que é bastante alto. O Brasil exporta para o Chile uma gama ampla de produtos, incluindo commodities, aeronaves e tecnologia relacionada à segurança. Já o Chile exporta para o Brasil diversos produtos, com destaque para superfícies de controle dos aviões fabricados pela Embraer, além de partes e peças de reposição.
São países próximos e com economias estabilizadas, o que dá às empresas brasileiras vantagens em relação a outras companhias internacionais. Entre os expositores brasileiros da Fidae 2012 estão a Embraer, a SA Ateq Sul Tecnologia e Instrumentação, o Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista (Cecompi) e a Turbomeca. Em relação ao restante do continente, especialmente a América do Sul, compartilhamos objetivos no que diz respeito a matérias aeroespaciais, de defesa e segurança. E a Fidae fortalece e consolida esses objetivos transversais, possibilitando o diálogo entre representantes civis, de governo e das Forças Armadas.
Que aviões participarão da Fidae? O 787 Dreamliner e o A380 farão voos?
O A380 esteve na Fidae em 2008 e foi um sucesso. Em relação ao Boeing 787, a situação permanece indefinida. A LAN deve trazer seu Dreamliner para o evento, mas ela depende da chegada do novo avião antes da feira. Se a Lan não receber o 787 a tempo, é possível que a Boeing traga um protótipo da aeronave. Na área de defesa, teremos aeronaves de combate, instrução, aviões não tripulados, aviões de transporte logístico e helicópteros.
Entre os modelos civis, os grandes construtores mostrarão suas novidades, com destaque para tecnologias ecológicas e de economia de combustível. Também teremos os mais modernos aviões executivos. Os produtos e serviços incluirão áreas como a construção de aeronaves, insumos para a comunicação via satélite, motores de aviação, sistemas de defesa, manutenção, suporte de peças em geral, vestuário especializado, equipamentos e serviços aeroportuários, junto com produtos de homeland security, entre muitos outros.
" A Fidae será uma plataforma de tecnologia muito atrativa para quem tem orçamento para investir"
A Labace 2011 mostrou a força da aviação executiva na América Latina. Como será a participação desse segmento na Fidae?
Teremos a presença dos principais fabricantes de aeronaves executivas do mundo. A aviação executiva continua crescendo firmemente no continente, mesmo com os primeiros sinais de crise econômica. Segundo a Embraer, a América Latina tem um potencial de mercado para aviões pequenos de 20 bilhões de dólares nesta década. Depois do Brasil, a demanda de unidades nesse segmento é liderada por México, Argentina e Venezuela. Tais previsões não somente motivaram a vinda de empresas brasileiras, mas também de outras forças, como Estados Unidos, França e Canadá. Além disso, o Chile, com sua intricada geografia, tem cada vez mais executivos se movendo com suas próprias aeronaves. O mesmo acontece com representantes de indústrias dos setores florestal e mineiro.
O senhor citou a crise econômica mundial. Que repercussão ela terá no setor aeronáutico no continente?
Já enfrentamos outras crises, como a do subprime, em 2008, e nossas feiras sempre foram bem sucedidas. A crise deve afetar bastante todos os setores, mas ela também gera necessidades e amplia preocupação em áreas como com segurança e a defesa. E a Fidae será uma plataforma de tecnologia muito atrativa para quem tem orçamento para investir. Além disso, dependendo dos efeitos da desaceleração, a crise pode ser uma grande oportunidade para realizar o desenvolvimento de outras linhas de negócio entre as pequenas e médias empresas. Nesse grupo, teremos centenas de expositores, que mostrarão componentes e peças mecânicas, elétricas e hidráulicas, destinadas a formar parte de conjuntos de maior envergadura.
"O centro de encontros comerciais permitirá o contato direto entre representantes e clientes"
Quais os destaques entre as conferências da fidae?
Teremos a sétima versão da Conferência "Wings of Change" (Asas da Mudança) para a análise da indústria de transporte aéreo comercial na América Latina. No seminário, serão abordados temas como a problemática ambiental e o preço dos combustíveis. Adicionalmente, será falado sobre o estado atual do mercado e seus prognósticos em curto prazo, junto com a análise de aspectos como a privatização de aeroportos e a evolução de companhias aéreas de carga no continente.
Que outras novidades haverá na feira?
Vamos criar um Centro Coordenador de Encontros Comerciais, que permitirá o contato direto entre representantes e delegações de empresas com seus respectivos clientes e provedores. O principal objetivo desse centro será colocar à disposição dos expositores todas as ferramentas possíveis que lhes permitam multiplicar suas oportunidades comerciais e gerar negócios em um ambiente aeronáutico de alto nível. Sobre outras novidades, prefiro guardar em segredo até o evento.
Haverá mais espaço para tecnologias de radares, satélites e GPS?
Atualmente, o espaço constitui um ramo-chave na América Latina. A construção de satélites e o desenvolvimento de tecnologia de lançamento de foguetes são marcos que revelam a atividade intensa que nosso continente desenvolve em torno da exploração espacial. Em 2012, autoridades governamentais, experts de universidades, empresas e agências espaciais estarão presentes na Fidae para apresentar e presenciar os potenciais tecnológicos e financeiros do setor espacial, além de participar de conferências específicas desse ramo.
Qual é a expectativa em relação à participação de aeronaves não tripuladas na fidae?
Estima-se que o uso de UAVs irá ter um constante aumento, não somente no Chile, mas também em todo o mundo, razão pela qual, na Fidae 2012, serão vistos uma série desses modelos. Esse tipo de aeronave sem piloto é de uma utilidade enorme para as Forças Armadas do continente, já que com elas se podem realizar desde funcionamentos de vigilância de fronteiras e luta contra o narcotráfico até as aplicações táticas em apoio ao combate.