Saiba o porquê de 1969 ser um ano eterno na aviação

Um ano que agregou uma série da fatos que mudaram a indústria aeronáutica global

Por Edmundo Ubiratan Publicado em 14/12/2021, às 07h00 - Atualizado em 15/12/2021, às 17h47

Enquanto esse primeiro ano da década de 2020 vai encerrando, com uma série de fatos marcantes, muitos que serão lembrados por vários anos, há meio século, o mundo assistiu a uma sequência de acontecimentos que transformaram para sempre a aviação  
 
Poucos anos foram tão marcantes na história do setor aeroespacial quanto 1969. Durante doze revolucionários meses, uma série de eventos mudaram a aviação. O ano coroou uma década marcada por transformações sem precedentes em termos tecnológicos e culturais, muito além da própria chegada da humanidade à Lua. Elencamos aqui alguns destes fatos que imortalizaram o último ano de uma década definitivamente incrível.
 

Um passo gigantesco

Entre janeiro e novembro, a Nasa lançou nada menos que quatro missões Apollo, sendo três com destino à Lua e duas efetivamente pousando no satélite natural. 
 

O adeus do Valkyrie

O único exemplar remanescente do XB-70 Valkyrie realiza seu último voo, decolando da base aérea de Edwards, na Califórnia, para seu novo lar, o Museu da Força Aérea, em Dayton. O avião que prometia atacar nuclearmente a União Soviética voando a Mach 3.1 teve seu derradeiro voo subsônico.
 

Era JumboJet

No dia 9 fevereiro, decolou pela primeira vez o Boeing 747-100. Conhecido na época como JumboJet, o avião se tornou um divisor de águas na aviação regular, massificando o transporte aéreo.
 

Superlativo

Poucos dias depois, outro gigante levantaria voo para uma série de quebras de recordes. O soviético Mil V-12 realizou em 22 de fevereiro o primeiro voo que confirmaria suas enormes capacidades. Considerado a maior aeronave de asas rotativas já produzida, o V-12 se mostrou grande e complexo demais para qualquer atividade. 
 

Treinador argentino

Amado por uns, odiado por outros, o argentino Aero Boero AB-115 realizou seu primeiro voo em março de 1969, quase dez anos depois do seu irmão mais velho, o AB-95. No Brasil e na Argentina, o modelo formou milhares de pilotos. 
 

Supersônico civil

Milhares de testemunhas se aglomeraram na ainda pacata cidade francesa de Toulouse para assistir ao Concorde decolar pela primeira vez, em 2 de março, quase dois meses depois do seu rival soviético. O avião que prometia revolucionar o transporte aéreo enfrentou desafios de engenharia e perdeu a guerra para o custo dos combustíveis, mas gerou centenas de soluções utilizadas até hoje pela aviação.
 

Rotores acionados

Ainda que pouco lembrado atualmente, o AS 315B Lama ajudou a Aérospatiale a se consolidar como um importante fabricantes de helicópteros no mundo. O primeiro voo do modelo ocorreu em março, seguido de uma série de recordes, como o voo mais alto realizado por um helicóptero, quando o modelo atingiu 40.814 pés (12.200 metros). A marca só foi superara em setembro de 2017.
 

Nasce o Fokker F.28

 
O mês de março ainda registraria o início das operações regulares do Fokker F.28 Fellowship, que se tornou um dos mais importantes aviões regionais da história. Seu sucesso levou ao desenvolvimento do Fokker 100 anos mais tarde.
 

Asa alta tcheco

Bastante popular entre pequenas companhias regionais, o Let L-410 fez seu voo de estreia em abril, colocando a então Tchecoslováquia no mapa dos países com uma indústria aeronáutica de sucesso no mundo.
 

O A300 e a Airbus

 
Em maio de 1969, durante o Paris Air Show, é lançado o A300, o primeiro avião bimotor de fuselagem larga. Assim como o Bandeirante da Embraer, o A300 deu origem a um fabricante de aeronaves, o consórcio Airbus, formado no ano seguinte. Além disso, o avião que seria conhecido na Varig como Gigante Silencioso, também criaria o mercado dos bimotores de corredor duplo, que hoje domina o mercado de aviação de longo curso. 
 

Rei dos mares

O Westland WS-61 realizou seu primeiro voo em maio, ampliando a popularidade da família Sea King no mundo. Poucos dias depois, o exército dos Estados Unidos colocava em serviço o Bell OH-58 Kiowa, que ainda hoje é um importante vetor de ataque leve.
 

Resposta soviética

Enquanto o Concorde iniciava sua campanha de ensaios em voo, os soviéticos avançavam no programa do Tu-144. Em 5 de junho, o jato quebrou a barreira do som pela primeira vez, iniciando o que prometia ser a era supersônica dos voos comerciais. 
 

Saudoso barão

Até hoje um dos mais populares bimotores a pistão da aviação de negócios, o Baron decolou pela primeira fez em junho, com o Model 58.
 

737 da Vasp

Enquanto Neil Armstrong se preparava para dar seus primeiros passos na Lua, a Vasp recebia os primeiros 737 do Brasil. Em 18 de julho, diversas pessoas se aglomeraram em Congonhas para ver a passagem baixa dos quatro primeiros 737-200 da Vasp. O PP-SMA voou ininterruptamente até 2004, quando a empresa paulista, já próxima a falência, abandonou-o no aeroporto de Confins. 
 

Fim dos caças a pistão

Em julho, ocorre o último combate ar-ar entre caças equipados com motor a pistão, que ocorreu na chamada Guerra do Futebol, envolvendo Honduras e El Salvador. O coronel hondurenho, Fernando Soto, pilotando um veterano F4U-5 Corsair abateu dois FG-1 Corsair e um F-51 Mustang. 
 

Dinastia Sukhoi

Do outro lado da cortina de ferro, em agosto, decolava um dos mais poderosos e populares caças de todos os tempos, o Sukhoi Su-17, que ainda foi o primeiro avião soviético a contar com asas de geometria variável.
 

Bombardeiro nuclear

Pouco tempo depois, ainda em agosto, foi a vez do Tu-22 realizar seu voo de estreia. O poderoso bombardeiro estratégico nuclear soviético conta com asas de geometria variável, capacidade de voos de longo alcance e velocidade máxima de Mach 1.8. O B-1B seria a resposta norte-americana ao modelo, mas que só se tornaria realidade mais de uma década e meia depois.
 

Surge a Embraer

No Brasil, a Embraer é formalmente criada em agosto de 1969, com o objetivo de produzir o Bandeirante. Um caso do avião que originou um fabricante de aeronaves.
 

Até 20 passageiros

Ainda em agosto, a então Swearingen Aircraft comemorava o primeiro voo do Metroliner, um dos primeiros aviões regionais para até 20 passageiros, que aliava uma cabine pressurizada, com bom alcance e velocidade. O modelo foi produzido até 2001, pela Fairchild.
 

A família Citation

Pouco antes do Natal, a Cessna realizou o primeiro voo do FanJet500, o protótipo do que seria conhecido como Citation CJ1, dando início à consagrada família de jatos de negócios da Cessna.
 

Para o combate

Moscou também apresentou ao mundo seu presente de Natal, o Mil Mi-24. O helicóptero se consagrou por sua extrema capacidade de ataque, o que o tornou uma das aeronaves militares mais exportadas e utilizadas em combate de todos os tempos.
 

Aviões sequestrados

O ano de 1969 também foi um dos mais prolíficos para os sequestros aéreos. Foram mais de uma centena em 12 meses ao redor do mundo.
 

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