Moscou confronta relatório internacional sobre 777 abatido em 2014
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 21/09/2018, às 17h00 - Atualizado em 25/09/2018, às 12h48
Seção dianteira do 777 reconstruída por investogadores
As autoridades russas afirmaram publicamente que o míssil que derrubou o voo MH17 da Malaysia Airlines, em 17 de julho de 2014, era oriundo do arsenal do exército ucraniano e não da Rússia.
O Boeing 777-200ER sobrevoava o espaço aéreo no leste da Ucrânia, em altitude de cruzeiro, quando foi abatido por um míssil disparado do solo, matando todas as 298 pessoas abordo. Na ocasião a região estava sob controle de forças separatistas, pró-Rússia. Na ocasião Moscou negou qualquer envolvimento com o caso, afirmando que o disparo havia sido realizado por forças do exército da Ucrânia.
O tenente-general Nikolai Parshin, chefe da diretoria de mísseis e artilharia do Ministério da Defesa da Rússia, afirmou em coletiva de imprensa que os dados apresentados foram confrontados com documentos russos, que foram desclassificados para permitir um profundo estudo sobre a origem do míssil. Segundo a junta envolvida na investigação, o míssil utilizado não fazia parte do arsenal da Rússia. De acordo com o número de série o míssil foi produzido na então União Soviética e transportado para a Ucrânia em 1986. “Do conhecimento da Rússia ele [míssil] jamais deixou a Ucrânia” afirmou Parshin.
Imagem gerada por investigação mostra efeito do disparo da espoleta do míssil contra o cockpit
Todavia, uma investigação internacional conduzida por especialistas da Holanda, Austrália, Bélgica, Malásia e Ucrânia, afirma que o míssil fazia parte do arsenal russo. Em coletiva realizada em Roterdã, em setembro de 2016, o diretor da Divisão Nacional de Investigação Criminal da Polícia Holandesa, Wilbert Paulissen mostrou um relatório onde comprovava que o sistema Buk de artilharia antiaérea havia sido empregado por separatistas.
“Concluímos que o voo MH17 foi abatido por um míssil BUK série 9M83, que chegou ao território ucraniano a partir da Rússia”, disse Pualissen, afirmando que logo após o caso “o sistema de lançamento de mísseis foi devolvido à Rússia”.
As autoridades russas negaram qualquer envolvimento no acidente, apresentando diversas teorias sem comprovação sobre o caso, todas mostrando o envolvimento exclusivo do exército da Ucrânia. No último mês de maio autoridades da Holanda mostrou um estudo dizendo que o sistema Buk foi transportado para a região a partir de uma unidade militar russa baseada em Kursk, localizada na fronteira com a Ucrânia.
O major-general Igor Konashenkov não soube responder se havia a possibilidade dos separatistas terem tomado posse do sistema Buk ucraniano durante os combates, mas afirmou que oficialmente a Ucrânia afirma que nenhum de seus sistemas de armas antiaéreas foi apreendido por rebeldes.
Em entrevista a AFP, o líder separatista Eduard Basurin, negou qualquer a responsabilidade pelo disparo contra o voo MH17, pois o grupo não possui o avançado sistema BUK. Porém, logo após a queda do Boeing 777 um combatente rebelde postou na internet a afirmação que haviam acabado de abater um suposto avião cargueiro ucraniano. Em seguida, afirmou que sua conta havia sido invadida e que nenhuma aeronave havia sido derrubada naquele dia.
Após o relatório Russo, o secretário do Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksandr Turchynov, disse que a coletiva russa comprova o envolvimento de Moscou no acidente. “É mais um relatório falso que o Kremlin invatou para acobertar seu crime, já comprovado pela investigação oficiais e por especialistas independentes”.
O Boeing 777 da Malaysia AIrlnes foi derrubado após a espoleta do míssil ser detonada ao reconhecer estar próxima da aeronave. Os estilhaços atingiram a parte esquerda do cockpit, levando ao colapso da estrutura da aeronave.
Logo após o caso as autoridades russas e ucranianas inicaram uma troca de acusações, enquanto a comunidade internacional passou a pressionar ainda mais Moscou pela operação de anexação da Criméia a seu território. O governo de Kiev ainda foi duramente criticado por não ter fechado oficialmente o espaço aéreo da região, já que havia comprovação de disparo de misseis contra aeronaves militares.