Redação Publicado em 12/12/2012, às 15h42 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
O governador do Ceará, Cid Gomes, ganhou as manchetes do país ao caminhar sobre a pista do Aeroporto Internacional de Salvador no último mês de novembro. Segundo a Anac, a imprudência provocou tanto a arremetida de uma aeronave como a suspensão de pousos e decolagens por cinco minutos no SSA. Logo após o taxiamento da aeronave em que estava, um jato Cessna Citation fretado junto à empresa Táxi Aéreo Fortaleza (TAF), o político desembarcou ao lado de outro passageiro e seguiu correndo para a Base Aérea de Salvador supostamente para se encontrar com a presidente Dilma Rousseff, ignorando o fato de que teria de cruzar a pista principal. A Anac apura o caso e a empresa TAF e o comandante da aeronave poderão sofrer punições que variam entre multa, suspensão ou cassação de certificados.
Qualquer conclusão sobre o que fizeram Cid Gomes e seu piloto será prematura sem o desfecho das investigações. Mas o fato chama a atenção para uma questão delicada no mercado de aviação privativa, a relação entre o piloto e o passageiro, normalmente seu "chefe". Sim, o dono ou contratante da aeronave tem suas exigências, só que o comando é sempre do piloto. É dele a palavra final dentro da aeronave. Isso todos sabem, mas muitos, com receio de perder o emprego para outro que não desafie o patrão, não se impõem, e cedem. O resultado costuma colocar em risco a missão, sobretudo quando donos de helicópteros ou aviões pequenos querem decolar mesmo com mau tempo e obrigam seus pilotos a se virar. Se começarem a perder suas licenças ao transgredirem as normas de segurança, os pilotos tenham, talvez, um motivo convincente para contestar seus chefes. Até porque, nem seria preciso dizer, as leis que regem a aviação são as da Física.
Esse tipo de consciência é especialmente importante em momentos como o que o Brasil vive, em particular o mercado de helicópteros. A frota brasileira cresce sem parar há mais de um ano e a perspectiva é que a importação de aeronaves com asas rotativas continue batendo recordes, com mais gente comprando sua própria máquina. Nesta edição, preparamos um especial sobre o mercado brasileiro de helicópteros com dados atualizados de vendas e frotas, e a perspectiva de fabricantes e centros de serviços.
Ainda nesta edição, duas entrevistas de peso. Uma com a presidente da Boeing Brasil, Donna Hrinak, e outra com o vice-presidente executivo para América Latina e Caribe da Airbus, Rafael Alonso. O discurso de ambos deixa claro que a região, particularmente o Brasil, começa a deixar sua posição de coadjuvante global para se tornar uma força crescente na estratégia dos grande conglomerados industriais, como é o caso dos dois principais fabricantes de aeronaves do mundo.
Para os pilotos, AERO deste mês toca em dois assuntos delicados. Um é a situação do mercado depois das demissões em massa de 2012, incluindo a da Webjet. Há mais candidatos hoje do que vagas, a concorrência aumentou e o diferencial continua sendo a formação sólida. O outro assunto é o planejamento nos meses de chuva. Considere que os atrasos podem acontecer antes, durante e no final da operação. Por isso, olho no combustível.
No ensaio em voo destacamos um avião realmente diferenciado. Com paraquedas balístico e célula de sobrevivência de carros da Fórmula 1, o alemão CTLS tem taxa zero de acidentes fatais nos EUA nos últimos 10 anos e ainda voa estável a baixas velocidades. Sua aerodinâmica também impressiona, assim como o glass cockpit. Não por acaso seu fabricante, a Flight Design, é líder mundial na categoria LSA.
Bom voo,
Giuliano Agmont e Christian Burgos