Empresas diminuem frequências, usam aviões menores e até param de voar
Por Santiago Oliver Publicado em 16/03/2017, às 12h30 - Atualizado às 12h55
O mercado norte-americano esperava ansioso a reabertura das relações com Cuba, mas as companhias aéreas, que esperavam encher seus aviões com mais de uma frequência diária, diminuíram a quantidade de voos, o tamanho dos aviões e até estão parando de voar .
As companhias aéreas norte-americanas Silver Airways e Frontier Airlines disseram que vão deixar de voar para Cuba, mencionando o excesso de capacidade e outros desafios no recém-reaberto mercado Cuba-Estados Unidos.
A Frontier, de Fort Lauderdale, e a Silver, de Denver, são duas das nove companhias aéreas norte-americanas que começaram a voar para Cuba no segundo semestre de 2016 e no início deste ano, depois que o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, iniciou a reabertura das relações entre Cuba e EUA, depois de 50 anos. Mas a Silver – que opera voos de Fort Lauderdale para destinos menores em Cuba com turbo-hélices Saab 340B para 34 passageiros, e a Frontier, que começou a voar diariamente com Airbus A320 na linha Miami-Havana em 1º de dezembro de 2016 – determinaram rapidamente que o mercado EUA-Cuba não é viável e encerrarão suas operações.
No próximo dia 22 de abril, a Silver deixará de voar para os destinos cubanos Santa Clara, Camagüey, Cienfuegos, Holguín, Cayo Coco, Varadero e Manzanillo. Já no dia 4 de junho, a Frontier suspenderá os voos Miami/Havana.
Apesar dos desafios, outras companhias aéreas norte-americanas estão mantendo os voos para Cuba, por considerar que se trata de um novo mercado que levará tempo para se desenvolver. Contudo, em fevereiro, American Airlines deixou de voar duas vezes por dia de Miami para os destinos cubanos de Holguín, Santa Clara e Varadero, passando para apenas uma frequência diária. Ela também trocou o Airbus A319 de 144 lugares por um Embraer E175 de 76 assentos para as cidades cubanas de Camagüey e Cienfuegos.
Embora os serviços aéreos comerciais entre os EUA e Cuba tenham sido restaurados, ainda existem restrições sobre as viagens dos americanos à ilha, com os passageiros tendo que se enquadrar em uma das 12 categorias aprovadas que incluem, entre outras, viagens relacionadas com a educação e ajuda humanitária. Viagens para Cuba apenas para tirar férias não são permitidas.
Há também uma grande incerteza sobre se o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que foi altamente crítico à política sobre Cuba de seu antecessor durante a campanha presidencial do ano passado, manterá o acordo de voos e outros laços com Cuba.
Levando em conta tudo isso, Silver e Frontier concluíram que há oferta demais no mercado EUA-Cuba. "Embora o número total de passageiros atualmente viajando de e para Cuba em todas as companhias aéreas combinadas esteja de acordo com as previsões originais da Silver, outras companhias aéreas continuam a servir este mercado com muitos voos e aeronaves grandes demais, o que levou a um aumento na capacidade de aproximadamente 300%", disse a porta-voz da Silver, Misty Pinson. "Além da super oferta de assentos, a venda online das agências de viagens on-line e os acordos de code-share não estão disponíveis desde que as companhias aéreas americanas começaram a voar para Cuba em 2016. Agora, seis meses depois, essa questão ainda não está totalmente resolvida, resultando em demanda deprimida. Essa falta de demanda, combinada com o excesso de capacidade das grandes companhias aéreas fez com que as rotas cubanas não sejam rentáveis para todas as empresas", afirmou.
Pinson acrescentou que não faz sentido para a Silver "se comportar da mesma forma irracional que outras companhias aéreas", o que levou à decisão de deixar de voar para Cuba. "No entanto, a empresa continuará a monitorar as rotas e considerará retomar o serviço no futuro se o ambiente comercial mudar", disse ela.
Um porta-voz da Frontier disse que "os custos em Havana operar uma aeronave, excederam significativamente as nossas previsões" e que "as esperadas condições de mercado não se concretizaram ". O porta-voz observou também que "foi destinado um excesso de capacidade a o mercado EUA-Cuba". Em lugar de voar para Havana, Frontier acrescentará um segundo diário Denver-St. Louis.