Justiça australiana condena a Qantas a pagar o equivalente a R$ 316 milhões por demitir 1.820 funcionários durante a pandemia
Por Marcel Cardoso Publicado em 18/08/2025, às 09h10
A Qantas foi condenada nesta segunda-feira (18), pela Justiça Federal da Austrália a pagar 90 milhões de dólares australianos (equivalente a R$ 316,8 milhões) por ter demitido de forma 1.820 funcionários das equipes de solo durante a pandemia de covid-19.
A decisão foi proferida pelo juiz Michael Lee, que destacou a “necessidade altamente significativa de dissuasão específica” diante da dimensão do caso.
Segundo o magistrado, o valor da multa deve guardar proporcionalidade com o teto legal de 121 milhões de dólares australianos. “A penalidade não pode ser percebida como um simples custo de fazer negócios”, disse Lee.
Do total, serão destinados 50 milhões de dólares australianos (55,5%) ao sindicato responsável por abrir a ação contra a Qantas. A destinação do montante restante será definida em audiência posterior.
A condenação ocorre meses após a Qantas e o sindicato chegarem a um acordo de 120 milhões de dólares australianos para compensação direta dos trabalhadores afetados.
Em 2020, no auge da crise sanitária, a Qantas terceirizou suas operações de solo em dez aeroportos australianos, decisão que levou ao corte de 1.820 postos. A medida, mais tarde considerada ilegal, somou-se a outras controvérsias enfrentadas pela empresa no período e culminou, em 2023, na saída do CEO Alan Joyce.
Vanessa Hudson, atual presidente-executiva da Qantas, disse que a empresa cumprirá a decisão judicial. “A decisão de terceirizar há cinco anos, em um momento tão incerto, causou dificuldades reais para muitos de nossos ex-funcionários e suas famílias. O impacto foi sentido não apenas por aqueles que perderam seus empregos, mas por toda a nossa força de trabalho”.
Hudson acrescentou que a Qantas tem buscado reconstruir a confiança após a crise. “Nos últimos dezoito meses trabalhamos para mudar a forma como operamos como parte de nossos esforços para reconquistar a confiança de nossos funcionários e clientes”, disse.
Apesar da posição da empresa, o juiz Lee apontou dúvidas sobre a autenticidade do arrependimento corporativo. Para ele, faltou um posicionamento mais direto de dirigentes envolvidos na decisão de 2020.
“Teria sido muito mais persuasivo se um membro da alta administração que participou da elaboração e avaliação da proposta tivesse explicado por que as coisas deram tão errado, como foram transformadas e quais lições foram aprendidas”, disse.