Selecionamos 10 novos modelos de até US$ 70 milhões. Eles são os destaques da conferência da NBAA, que começa nesta terça-feira em Las Vegas
Por Oswaldo Gomes Publicado em 16/11/2015, às 18h28 - Atualizado às 18h33
A maior feira de aviação de negócios do mundo acontece nesta terça-feira nos Estados Unidos. A convenção da NBAA (associação norte-americana de operadores da chamada "business aviation"), em Las Vegas, servirá para empresários, executivos e magnatas conhecerem um pouco mais dos jatinhos que começarão a chegar ao mercado a partir de 2016. São aeronaves que reúnem o que de mais avançado a indústria aeronáutica vem produzindo. Quase todos já estão em fase de testes de voo. Conversamos com os fabricantes e antecipamos aqui os detalhes de cada um dos 10 programas em curso.
Centros das atenções, o Honda Jet é o programa mais próximo de se tornar realidade. Já tem até uma certificação provisória da FAA. O jato japonês promete ser o VLJ mais veloz de sua categoria, atingindo 425 kt. Sua aerodinâmica vem sendo estudada por mais de 20 anos, resultando na fixação dos motores sobre as asas. De acordo com os estudos, essa solução não contribui apenas para o ganho de espaço interno da cabine, mas, principalmente, para reduzir bastante o arrasto aerodinâmico em altas velocidades e, por conseguinte, o consumo de combustível. Segundo a Honda Aircraft, o jato é 17% mais econômico do que seus concorrentes diretos. “O objetivo da minha carreira era criar um conceito para uma aeronave, depois projetá-la e então vendê-la”, afirma Michimasa Fujino, presidente e CEO da Honda Aircraft Company. Seu objetivo parece estar próximo de se realizar, inclusive no Brasil, onde sua representante, a Líder Aviação, já anunciou encomendas do novo avião para 2017. Desde o cockpit até a cabine de passageiros, o Honda Jet apresenta um alto nível de conforto e tecnologia. Ele é equipado com a plataforma Garmin G3000 com visão sintética, lavabo privativo (com opção de manutenção externa de descarga) e configurado para seis passageiros, além de dois bagageiros, um dianteiro e outro traseiro que, combinados, têm 1,8 m3 de espaço.
O jato PC-24 realizou seu primeiro voo no dia 11 de maio de 2015. De acordo com José Eduardo Brandão, diretor-geral da Synerjet, representante da Pilatus no Brasil, pode ser considerado um “utilitário esportivo dos ares” ao criar uma nova categoria de jatos, a SVJ, ou Super Versatile Jet. “Esta aeronave combina a versatilidade de um turbo-hélice com a cabine de um jato leve-médio e a performance de um jato leve”. Preparado para operar em pistas curtas, o PC-24 necessita apenas de 820 m para decolagem e 770 m para pouso, incluindo pistas não preparadas, como terra, grama e neve. Este é um jato apropriado para o cenário brasileiro, pois atende ao operador que deseja uma máquina além de um turbo-hélice sem perder versatilidade. “E o PC-24 possui todas as características do PC-12, incluindo a porta de cargas, o que não existe em nenhum outro jato”, acrescenta Brandão. Os aviônicos do PC-24 foram projetados exclusivamente para ele e chamados ACE (Advanced Cockpit Environment). São quatro telas de 12 polegadas para o gerenciamento do voo e dos diversos sistemas da aeronave. O interior executivo da aeronave foi projetado para reconfiguração rápida, de acordo com a necessidade operacional do cliente, podendo usá-lo tanto para traslados de passageiros quanto para voos de carga exclusivamente. Durante a fase dos voos de testes, que estão em curso, as vendas estão suspensas, pois a Pilatus quer ter a certeza de que o projeto de fato entregará a performance estimada nos estudos. Logo que os números forem confirmados, as vendas deverão ser retomadas com valores iniciais de US$ 8,9 milhões para as unidades que serão produzidas até 2017. Após esse prazo, o valor de venda deve sofrer uma correção monetária de acordo com a economia norte-americana.
O Cirrus Vision SF50 é um VLJ monojato com uma deriva em V e custo operacional baixo. “Mais baixo até do que o de alguns monoturboélices”, garante o diretor regional da Cirrus para a América Latina, Gabriel Maestracci. Além da plataforma Garmin G3000, o Vision também virá equipado com o sistema de paraquedas de emergência, que, de acordo com a Cirrus, já salvou mais de 90 vidas. Com 1.800 lb de empuxo entregues pelo motor Williams FJ33-5A, o jato poderá operar em pistas curtas, com até 532 metros e pousar em pistas com 379 metros. Com janelas maiores do que as convencionais em sua categoria, o interior do Vision será configurável e, como terá homologação single-pilot, poderá transportar até seis passageiros mais um piloto.
A Gulfstream anunciou o lançamento do G500 e do G600 em 2014. “Enxergamos um mercado vago para o perfil de cliente que necessitava de outras opções de aeronaves intermediárias entre nossos modelos G550 e G650”, explica Heidi Fedak, responsável pela Comunicação Social da Gulfstream. As duas aeronaves serão configuradas com interiores que terão as seções transversais mais amplas da família, proporcionando mais conforto aos passageiros com espaço diferenciado entre as poltronas, podendo converter os assentos em leitos. O G500 voou pela primeira vez em 18 de maio deste ano e acumula mais de 15 horas nos voos de testes, enquanto o G600 deve realizar seu primeiro voo em dezembro de 2016. O cockpit será equipado com o que há de mais novo em aviônicos, incluindo os já conhecidos EVS, sistema de visão sintética que, para estas versões, estará visível também no HUD, o que aumenta o alerta situacional do piloto para pousar, mesmo com baixa visibilidade. Outra novidade é que os sidesticks do comandante e do copiloto serão interligados eletronicamente, um podendo sentir os movimentos que o outro efetuar no sidestick simultaneamente. A ideia é que a tecnologia proporcione uma boa coordenação de cabine. Para Heide Fedak, os novos G500 e G600 terão na velocidade e no alcance suas principais virtudes. “Estas serão as melhores aeronaves de longo alcance no mercado, sendo o G500 de 11% a 26% mais eficiente do que seus concorrentes ao passo que o G600 se posiciona com a melhor eficiência entre os jatos de longo alcance”, diz a executiva.
Conhecidos pela luxuosa, confortável e espaçosa cabine, os jatos da família Bombardier Global atendem aos clientes que exigem estas caraterísticas num voo de longa distância, a negócios ou a lazer. “O Global 7000 é a única aeronave genuinamente de negócio que, de fato, dispõe de quatro ambientes”, diz Annie Cossete, diretora de Marketing e Relações Públicas da Bombardier. A aeronave é 22% maior do que o Global 6000, permitindo que o passageiro tenha à sua disposição uma refeição preparada na espaçosa galley dianteira, depois de uma reunião realizada no ambiente principal da aeronave. Se preferir, ele poderá, ainda, se entreter em outro ambiente que possui uma configuração que se assemelha à de uma sala de estar e, finalmente, descansar num dormitório privativo, com direito a tomar banho no último ambiente da aeronave. Tudo isso num voo longo como Nova York-Dubai. Mantendo o conceito de “clean cockpit”, o piloto terá fácil gerenciamento da aeronave no Bombardier Vision Flight Deck, desenvolvido em parceria com a Rockwell Collins, que vem equipado com HUD, permitindo que o piloto disponha de todas as informações críticas do voo, mantendo-se atento para fora da aeronave mesmo em fases que exigem um alerta situacional maior, como pousos e decolagens.
Focado no mercado asiático, o Global 8000 é a aeronave ideal para quem tem negócios naquele continente. Com mesmo tamanho do Global 6000, sua principal diferença estará no alcance. Esta é a única aeronave em desenvolvimento com um alcance de quase 8.000 nm, podendo transportar até 13 passageiros na configuração padrão. De acordo com a Annie Cossete, o Global 8000 promete redefinir a experiência em voos de longa duração. A cabine de passageiros possui janelas maiores, piso totalmente plano e três ambientes, incluindo o banheiro privativo com ducha. Outro ponto importante a destacar é a existência de uma área de descanso para um terceiro tripulante, quando houver necessidade de revezamento. A tecnologia embarcada no cockpit segue os mesmos princípios do Global 7000, com aviônicos intuitivos que prometem reduzir a carga de trabalho da tripulação. Anne afirma que há mercado no Brasil para as novas aeronaves da Bombardier e destaca o atendimento aos operadores da marca no mundo todo.
Nascido dos estudos com aeronaves militares da Dassault, o Falcon 5X promete mudar a experiência de voar em uma aeronave de negócios, desde o conforto dos passageiros até a interação da tripulação com a aeronave. Equipado com um sistema interativo de entretenimento, a aeronave ainda dispõe de compartimentos retráteis específicos para dispositivos eletrônicos com carregadores USB e, também, uma interface chamada Skybox, onde estão disponíveis diversos vídeos e músicas via iTunes. Através de um celular ou outro dispositivo portátil, o passageiro poderá gerenciar o entretenimento de bordo, checar o progresso do voo e se comunicar de qualquer lugar da cabine. Da experiência militar e do desenvolvimento de uma aeronave com melhor performance na família Falcon, vieram benefícios também para o gerenciamento do cockpit, com aplicação de um sistema de aviônicos da terceira geração do EASy flight deck. Ele conta com painéis intuitivos, e precisos, com dados consolidados, disponibilizando todas as informações pertinentes ao voo e à operação da aeronave de maneira eficiente, como tem que ser num avião militar. “O mercado esta mudando, desejando aeronaves com cabines maiores e mais confortáveis”, sustenta Andrew Ponzoni, da Dassault. “Com esse sentimento a Dassault desenvolveu o Falcon 5X, que pode ser claramente definido pela relação tamanho-dimensão de cabine”. O roll-out do 5X aconteceu no fim do primeiro semestre deste ano de 2015.
Nos últimos 10 anos, a Textron homologou mais de 35 novas aeronaves, posicionando-se no mercado como o grupo que mais lançou produtos. “Temos sempre de inovar, pois as tecnologias mudam, os perfis de clientes mudam e as necessidades do cliente mudam”, afirma Bob Gibbs, vice-presidente de Vendas para a América Latina e Caribe. O Longitude é a aposta da Cessna para a categoria super mid-size e promete atingir 4.000 nm com Mach 0.86 numa altitude máxima de 45.000 pés. No interior da aeronave, cada passageiro terá um controle touchscreen para controlar as facilidades a bordo, como temperatura, claridade das janelas, entretenimento de áudio e vídeo, luzes de cabine e acompanhamento em tempo real do voo. Eles terão, ainda, acesso às bagagens pelo interior da aeronave e contarão com uma galley pronta para preparar refeições para voos longos. O painel é o Garmin G5000, com visão sintética. O sistema é intuitivo, auxiliando o gerenciamento de voo com telas touchscreen. O Longitude será equipado com um dos melhores motores para a classe, construído com base nos motores militares em parceria com a CFM, uma joint-venture entre a GE e a Snecma. Os dois motores Snecma Silvercrest SC-2 entregam 11.000 lb de potência cada um, com um consumo de combustível 15% menor do que seus concorrentes, diminuindo a emissão de poluentes.