Continente gelado foi o primeiro a ser desbravado por via aérea
Por Ernest Klotzel Publicado em 19/11/2018, às 14h00 - Atualizado às 14h57
Há 90 anos era realizado o primeiro voo sobre o ainda misterioso continente antártico, conduzido pelo explorador australiano Sir George Hubert Wilkins, ao lado do piloto Carl Ben Eielson, utilizando um monomotor Lockheed Vega.
O pioneiro voo ocorreu em 16 de novembro de 1928, poucos meses após a dupla ter registrado outro feito importante ao sobrevoar pela primeira vez o Ártico. Contanto com um importante financiamento do magnata da mídia William Randolph Hearst, os pilotos Wilkins e Eielson voltaram sua atenção para o sul; no caso, Graham Land na península Antártica.
Decolando de uma pista rudimentar na Ilha Deception, nas Shetlands do Sul, em 16 de novembro, o par realizou um voo de 20 minutos em torno das ilhas antárticas, retornando assim aos livros de história. Contudo, o voo mais importante foi realizado em 20 de dezembro do mesmo ano, quando voaram por 2.092 km ao longo da península antártica, onde realizaram uma série de fotografias e acabaram voando em condição de tempo muito mais difícil. A expedição rendeu também importantes desenhos e anotações.
“Tivemos uma profunda impressão de força e liberdade” escreveram após o voo de 11 horas sobre a Península Antártida. “Pela primeira vez na história um novo território está sendo descoberto pelo ar”. Em uma única jornada os dois desbravaram uma área que, normalmente, exigiria meses de percurso em trenós puxados por cães. O retorno dos aviadores anunciava uma nova era para a exploração polar. Em poucos anos aviões modernos passavam a ser um elemento essencial nas expedições para a Antártida.
Testemunhando o sucesso de Willis e decidido a construir seu próprio sucesso na aviação, Sir Douglas Mawson embarcou no ano seguinte em um de Havilland Gipsy Moth, a bordo do navio Discovery, como participante da Expedição de Pesquisas da Antártica, realizada por representações britânica, australiana e neozelandesa. Em algumas ocasiões Mawson e seu piloto Stuart Campbell voavam à frente do Discovery para identificar rotas entre as camadas de gelo.
Ao longo das décadas a aviação foi se tornando cada vez mais importante no continente gelado, apoiando grupos de pesquisadores em missões ao longo de todo o ano. O Brasil atualmente mantém uma operação regular para a Antártica, em suporte a missão conduzida pela Marinha do Brasil e centros de pesquisa nacionais.
Após 90 anos do histórico voo de Sir Hubert Wilkins os avanços na fabricação, navegação e previsão de tempo, levaram a aviação a um patamar impossível de imaginar pelas mais criativas e inovadoras mentes da época.
Em 2007, a Austrália iniciou um importante capítulo na aviação antártica, ao passar operar voos com um Airbus A319 para o continente. A operação destinada a apoio a pesquisadores foi a primeira a utilizar um avião comercial na região. O voo chega ao aeródromo Wilkins (próximo à estação de pesquisas Casey.