Junkers F.13 retorna aos céus após construção de réplica baseada nos projetos originais
Ernesto Klotzel Publicado em 27/09/2016, às 14h00 - Atualizado às 16h14
Após a réplica do histórico Junkers F13 se apresentar em diversos países, o modelo finalmente fez seu primeiro voo na Suiça, quase 100 anos após o modelo original ter sido lançado.
A aeronave, totalmente metálica, foi um dos predecessores dos modernos aviões comerciais, inaugurando a era do transporte aéreo comercial em 1919 na Europa. Projetado pelo engenheiro alemão Hugo Junker, o F.13 contava com uma série de inovações para a época, como cabine de passageiros fechada, acesso facilitado por amplas portas laterais e espaço para alguma bagagem.
Outra curiosidade era o método construtivo, com chapas de aço onduladas, que aumentavam a resistência e diminuíam o peso total da estrutura. O protótipo voou com um motor Mercedes D III, em linha e gerava 170 hp. Após diversos voos de teste, o projeto recebeu uma asa com maior área e o motor BMW IIIA, refrigerado a água, de 185 hp.
Em uma época na qual os motores aeronáuticos sofriam rápidas transformações, ganhando algumas melhorias que representavam saltos de performance e vida útil, o F.13 ao longo dos anos que esteve em produção recebeu diversos outros motores, produzidos por empresas como Armstrong Siddeley Puma, Gnome-Rhône Jupiter e Pratt & Whitney Hornet, esse último radial.
Outra peculiaridade do projeto foi as inumeras versões produzidas, que variaram entre os motores e configurações diversas, como as séries F.13ba, ca, da, fa que se diferenciavam por mudanças estruturais consideráveis, indo de um leme de direção maior ao uso de flutuadores para operações em rios e lagos.
A Rimowa, conhecida por suas malas metálicas onduladas como a fuselagem do F.13, anunciou em Oshkosh, durante a EAA AirVenture de 2015, seus planos de construir e certificar o Junkers F.13 a partir das plantas originais.
O presidente da empresa e piloto veterano Dieter Morszeck estava a bordo do novo Junkers no momento do primeiro voo, ao lado do engenheiro de ensaios de voo, Oliver Bachmann, na decolagem do Aeroporto de Dubendorf.
O neto de Junkers, Bernd Junkers, estava entre aqueles que testemunharam o primeiro de uma série de voos de teste, na companhia de Hans-Walter Bender, que voou no F13 em 1929 com apenas seis anos de idade.
O modelo teve participação fundamental no desenvolvimento da aviação comercial na América do Sul e no Brasil, tendo sido operado na Colômbia pela SCADTA (Colombian-German Air Transport Society) e na Bolívia pelo LAB (Lloyd Aéreo Boliviano). No Brasil, por sua vez, ele voou nas cores da então Condor, posterior Cruzeiro do Sul, e também pela Varig.
O F.13 obteve relativo sucesso nas empresas sul-americanas graças à origem em comum dessas companhias, fundadas por aviadores alemães que apostavam no potencial do tráfego aéreo comercial na região. No Brasil, o último voo com um F.13 ocorreu em 1951, quando o pequeno avião com capacidade para quatro passageiros, ou 689 kg de carga, já era bastante ultrapassado.
Ao todo, foram produzidos 322 Junkers F.13 entre 1919 e 1932, que voaram em praticamente todos os continentes, chegando a ser produzido até sob licença na União Soviética.