Mais de 40 aeronaves não decolaram em temperaturas próximas a 50ºC
Por Ernesto Klotzel Publicado em 21/06/2017, às 14h23 - Atualizado em 22/06/2017, às 11h04
Para a aviação, as altas temperaturas são tão prejudiciais quanto os extremos negativos em áreas polares. Nos últimos dias, mais de quarenta voos foram cancelados no estado do Arizona, nos Estados Unidos, quando a temperatura atingindo picos de 49°C.
Com a elevada temperatura, a American Airlines anunciou que estava cancelando dezenas de voos que decolariam do aeroporto Sky Harbor durante a parte mais quente do dia. Os cancelamentos afetaram especialmente os voos regionais de aeronaves menores, como os da família CRJ da Bombardier, que só podem operar abaixo de 48ºC.
O recorde de temperatura em Phoenix é até um pouco maior: 50°C, registrados em 26 de junho de 1990. Porém, o fenômeno não é restrito ao clima árido do deserto. Em fevereiro de 2014, o voo 408 da Copa Airlines, com destino a Cidade do Panamá, foi cancelado após a temperatura no aeroporto de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, atingir mais de 40ºC.
Em temperaturas maiores, o ar é menos denso, o que o torna mais “fino”. Isso afeta diretamente a sustentação, princípio básico da aeronáutica. O que significa que os motores precisam gerar mais empuxo para que a decolagem aconteça. Todavia, com o ar rarefeito, os motores também geram menos potência. Uma combinação que compromete a performance de uma série de operações. Em casos de voos de longo curso, como o caso da rota Porto Alegre-Cidade do Panamá, é necessário reduzir o peso de decolagem ou esperar a temperatura reduzir.
O problema não é novo. Um relatório de 2016 da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) já alertava para o problema que temperaturas elevadas podem representar para as operações aéreas: “Desempenho degradado nas decolagens, nas quais a altitude e pistas curtas limitam a carga útil ou mesmo a quantidade de combustível que pode ser transportada”.
Estes problemas explicam por que muitos países do Oriente Médio e alguns operadores de aeroportos da América do Sul tendem a programar seus voos de longo alcance para o fim da tarde ou noite quando as temperaturas são mais amenas.
Discussões pontuais à parte, a operação em aeroportos quentes sempre foi uma realidade. Alguns fabricantes chegaram a lançar versões especiais de aeronaves para operar em aeroportos quentes e altos, como o McDonnell Douglas DC-10-15, criado especialmente para os chamados hot and high airports (aeroportos quentes e altos).