Redação Publicado em 18/05/2012, às 10h52 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
A Hawker Beechcraft anunciou no início de maio último um plano de reestruturação sob os termos do famigerado Chapter 11. Trata-se de um acordo previamente conciliado com parte majoritária dos credores da empresa para eliminar US$ 2,5 bilhões em dívidas e cerca de US$ 125 milhões em despesas anuais com juros. A medida era aguardada pelo mercado e merece ser analisada com serenidade. O pedido de proteção contra falência nesse caso significa que dívidas e obrigações serão convertidas em participação acionária, o que demonstra a confiança dos credores e do próprio governo norte-americano na retomada da saúde financeira de um dos principais fabricantes aeronáuticos dos Estados Unidos, com pelo menos 34 mil aeronaves em operação no mundo, como destaca Philipe Figueiredo, diretor de Vendas de Aeronaves da Líder Aviação, representante da Hawker Beechcraft no Brasil, na entrevista desta edição: "A operação continua sem interrupções e as garantias estão mantidas".
O que se pode inferir desse episódio é que a crise financeira desencadeada em 2008 teve, sim, um impacto decisivo na expectativa de vendas da indústria ligada à aviação, sobretudo no segmento executivo. Mas, ao mesmo tempo, parece evidente para os principais players do setor que a única maneira de reagir às adversidades do momento, com perspectivas promissoras, é investir no próprio portfólio de produtos e trabalhar sobremaneira na prospecção de novos negócios. Nesse sentido, países como o Brasil mostram-se receptivos às iniciativas dos fabricantes. É o que se viu, por exemplo, na Agrishow deste ano, com a venda de uma quantidade significativa de aeronaves.
Outro fabricante que sentiu os efeitos da crise financeira sem esmorecer foi a Embraer. Neste mês, mostramos o resultado desse trabalho, com um ensaio em voo de um Phenom 100 renovado. O VLJ brasileiro atingiu o ponto de inflexão de sua curva de maturidade. Não por acaso, o primeiro modelo fabricado nos Estados Unidos acaba de ser entregue. Na mesma linha, a indústria tem investido pesado nos novos painéis, que mais parecem equipamentos saídos de videogames e obras de ficção científica, como mostramos a partir da página 30. Uma transição tecnológica, de fato.
Na aviação comercial, além da notícia do acidente com um dos protótipos do Sukhoi Superjet 100 na Indonésia, que pode definir o futuro da indústria russa no Ocidente, duas matérias de fôlego. Uma a respeito dos planos da Boeing de anunciar uma nova família, derivada do 777, ainda este ano, informação que requer confirmação oficial. A outra sobre as dificuldades enfrentadas por pilotos com o controle de tráfego aéreo no Brasil. Na reportagem, apontamos alguns gargalos e o Decea, em uma atitude elogiável, mostrou-se amplamente aberto ao debate e deu sua versão dos fatos. Agora, o que se espera é a continuidade das conversas para que possamos manter o aperfeiçoamento contínuo do sistema.
Bom voo,
GIULIANO AGMONT E CHRISTIAN BURGOS