De olho no mercado de óleo e gás, Airbus demonstra no Brasil novo H175, modelo capaz de operar em 90% das plataformas de petróleo ao logo da costa do país
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 15/07/2015, às 00h00 - Atualizado às 02h49
A Airbus Helicopters trouxe ao Brasil seu novo helicóptero especialmente desenvolvido para o mercado offshore, o H175. A demonstração aconteceu no último mês de maio. Com uma das maiores áreas internas do seu segmento, o modelo classe 7,5 toneladas comporta até 16 passageiros. O H175 é equipado com motores Pratt & Whitney PT6C, de 1.776 shp cada, acoplado a um rotor principal de cinco pás. Motivo de polêmica após acidentes com antigas versões do H225 no Mar do Norte, a caixa de transmissão principal do novo helicóptero tem um projeto totalmente reformulado, com dispositivos redundantes que permitem à aeronave voar 30 minutos após a perda total de óleo, algo especialmente útil em missões offshore. O sistema provém da aviação militar, segmento em que os requisitos de desempenho em situações extremas são bastante rígidos. Sem rolamentos convencionais e com desenho “spheriflex”, a cabeça do rotor de titânio se mostra tolerante a danos. O rotor de cauda, de três pás, possui perfis de nova geração, que permitem significativa redução de vibração e ruído, segundo a Airbus.
Internamente, o aparelho conta com amplo espaço, podendo ser configurado para missões de transporte offshore, VIP, entre outros. Os assentos seguem as novas normas de absorção de impacto. Também foi dada especial atenção aos níveis de vibração no interior da cabine com objetivo não apenas de reduzir o desconforto, mas, também, de permitir uma melhor experiência de pilotagem. Amplas janelas proporcionam aos pilotos uma visão panorâmica do exterior, algo especialmente útil em operações embarcadas.
A aviônica Helionix conta com quatro displays de 6 x 8 polegadas. Desenvolvido pela Airbus, o sistema é totalmente integrado ao piloto automático de 4 eixos, sendo derivado da suíte já utilizada pelo H225. O AFCS (Automatic Flight Control System) conta com novos modos automáticos, como recuperação automática em caso de desorientação, ângulo de aproximação e velocidade vertical de aproximação final (especialmente útil em voos em baixa altitude, evitando colisão com o terreno), modo de gerenciamento de falha, melhorando a segurança em caso de voo monomotor, além do modo Rig n’ Fly. A suíte também é integrada ao TCAS II e ao sistema de prevenção de CFIT, que é acionado a 150 ft de altura.
O H175 oferece uma das melhores relações entre payload range-per-passenger e raio de ação. Com 16 passageiros a bordo, numa configuração típica de operação offshore, o novo modelo da Airbus pode voar 140 nm – com 12 passageiros o alcance aumenta para 200 nm, mesmo sem o tanque suplementar. O sistema de combustível sob o piso possui uma configuração padrão de quatro tanques, com capacidade para mais de 2.300 litros. A arquitetura é simples para reduzir os custos de manutenção e ampliar a segurança. Esse sistema permite ao helicóptero fazer reabastecimento “sob pressão” no solo. Um tanque de combustível opcional acrescenta quase 350 litros, sendo destinado a missões de longo alcance.
No segmento de busca e salvamento, a aeronave foi projetada para cumprir missões de longa duração, podendo ficar em voo por até 6 horas. A velocidade de cruzeiro pode chegar a 160 kt. No caso de missões de longo alcance, a velocidade de cruzeiro seria de 150 kt. A aeronave pode realizar um voo pairado fora do efeito solo (HOGE) com 7,5 toneladas de peso de decolagem a 5.800 pés com ISA+20ºC. Recentemente, o H175 também obteve o recorde de subida (time-to-climb) de 6.000 m em apenas 6 minutos e 54 segundos, atingindo os 3.000 m em 3 minutos e 10 segundos.
O planejamento de manutenção programada é otimizado com base no feedback operacional dos operadores com uso do método MSG-3, sendo constantemente aperfeiçoado pelo chamado processo Living Maintenance Review Board desenvolvido pela Airbus Helicopters. De acordo com os dados iniciais, o modelo é capaz de operar em até 90% das plataformas de petróleo e gás instaladas ao longo da costa do Brasil. A previsão é a de que em 2016 o modelo receba um incremento na performance, com MTOW passando para 7,8 toneladas, o que significa 300 kg a mais de peso ou adicional de 40 nm RoA.