Operações simultâneas

Aeroporto de San Francisco, que já desponta como um dos mais modernos e confortáveis nos EUA, mescla soluções sustentáveis com produtividade operacional

Robert Zwerdling | | Fotos Divulgação Publicado em 21/11/2012, às 15h32 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45


O Aeroporto Internacional de San Francisco, um dos grandes polos turísticos do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, recebeu da Travel Weekly, uma publicação regular voltada para o negócio do turismo nos EUA, dois prêmios, o de líder em sustentabilidade (medalha de ouro) e o de "amigo do verde" (medalha de prata). Também levou o prêmio de melhor das Américas, em evento promovido pela revista Frequent Business Traveler, e o de melhor atendimento ao passageiro na América do Norte, este outorgado pela empresa inglesa de consultoria Skytrax, cujas pesquisas de opinião são consideradas atualmente as mais abrangentes e idôneas em todo o mundo. Os usuários que participaram das pesquisas elegeram San Francisco, ainda, como o segundo melhor para embarque regional, e o terceiro melhor na América do Norte, perdendo apenas para Cincinnati (EUA) e Vancouver (Canadá). Os prêmios são fruto dos esforços da prefeitura da cidade, que é responsável pela administração do aeroporto, em prol tanto do meio ambiente como de infraestrutura.

O Aeroporto Internacional de San Francisco atende hoje a 21 linhas aéreas domésticas e 27 companhias internacionais, que voam para mais de 65 cidades norte-americanas e 32 destinos no exterior em voos sem escalas. A boa avaliação dos terminais de passageiros do aeroporto californiano deve-se primeiramente aos investimentos vultosos em obras de ampliação e revitalização. Para John L. Martin, o diretor do aeroporto, os passageiros que utilizam os terminais buscam conforto, praticidade e excelência no atendimento. "Não são apenas obras monumentais que garantem uma boa avaliação, mas também a facilidade para embarcar e desembarcar, a redução da burocracia, o bem-estar e o sorriso no rosto dos nossos funcionários", destaca Martin. Segundo o executivo, a prefeitura de San Francisco continuará investindo em seu aeroporto até que ele consiga a primeira colocação em todas as categorias.

EDIFÍCIO INTELIGENTE
A última obra entregue, em abril deste ano, trouxe melhorias significativas na infraestrutura do Terminal 2. O investimento foi da ordem de US$ 383 milhões e deixou a estrutura pronta para receber com conforto 5,5 milhões de passageiros ao ano, sendo que a média anual nesta ala é de 3,2 milhões anuais. Hoje, o T2 é utilizado pela Virgin America e pela American Airlines e oferece 14 pontes de embarque, além de 52 balcões de check-in e 24 quiosques de autoatendimento para e-ticketing. O edifício é o primeiro a conseguir a medalha de ouro "LEED" (Leadership in Energy and Environmental Design) nos EUA, uma certificação conferida aos edifícios sustentáveis pela ONG USGBC (U.S. Green Building Council), que avalia construções de acordo com critérios de racionalização de recursos. O projeto, que é de autoria da Turner Construction e Gensler, deixou o Terminal 2 muito mais econômico, e só em energia elétrica o aeroporto poderá economizar US$ 170,000.00 anuais, isso fruto de um novo sistema de ventilação que fornece ar de melhor qualidade, consumindo 20% menos de energia. Outro destaque fica para o sistema de tratamento da água que recircula nos sanitários, e torna todo o sistema 40% mais eficiente.

Para John L. Martin, a inauguração de uma linha de trens automáticos do tipo APM (automated people mover) que passa pelo aeroporto e oferece uma estação para a linha de trens BART (Bay Area Regional Transportation System), com transporte garantido para o centro de San Francisco também trouxe uma redução drástica nas emissões de poluentes na atmosfera, a partir do momento em que funcionários do aeroporto e usuários passaram a se locomover por meio do sistema de transporte de massa, em vez de utilizar o automóvel particular ou um táxi. "O monotrilho Air Train foi inaugurado em 2003 e oferece nove estações, com paradas nos terminais, nos edifícios-garagem, no centro de atendimento das companhias de locação de automóveis, e na área de conexão com o sistema BART, cujos trens cumprem o trajeto para o centro, distante 13 km, em 29 minutos", destaca Martin.


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CONEXÃO COM ÁSIA E ORIENTE MÉDIO
Em 2011, 45,7% dos nove milhões de passageiros que utilizaram o terminal internacional de San Francisco tinham como destino ou chegavam de países da Ásia e do Oriente Médio. Marca pontual que define o aeroporto como grande hub para distribuição de passageiros no continente norte-americano, já que a cidade de San Francisco está localizada às margens do oceano Pacífico, atraindo assim muitos operadores orientais, em especial, companhias aéreas da República da China e do Japão com 91 voos semanais. Os países europeus ocupam o segundo lugar no market share internacional de San Francisco com 26,6% do total. A América do Sul não foi citada nas estatísticas, mas vale registrar que, no início da década de 1990, a Vasp chegou a operar voos regulares em San Francisco com aeronaves Douglas DC-10-30.

Para atender seus visitantes adequadamente, a administração do aeroporto também não poupou investimentos em obras de revitalização do setor internacional. Hoje, o edifício oferece 24 pontes de embarque e ampla área para atendimento de passageiros na imigração e na alfândega. O terminal também oferece, além de bons restaurantes e dezenas de lojas de conveniência, uma exposição permanente de arte, cujas obras estão avaliadas em mais de US$ 10 milhões.

Algumas outras obras previstas no plano diretor para ampliação do aeroporto também já foram entregues, incluindo um edifício-garagem com 3.200 vagas, com acesso rápido para o edifício de embarque internacional. Também foram entregues outros dois bolsões de estacionamento, com 5.000 vagas, estas reservadas exclusivamente aos funcionários do aeroporto. À frente do aeroporto, o sistema viário foi revisto e o aeroporto ganhou novas alças de acesso para a Highway 101 e vias separadas para embarque doméstico e internacional.

Neste momento, o aeroporto trabalha na revitalização dos portões (60 a 67) da área de embarque "E" no Terminal 3 e na construção de uma nova Torre de Controle em parceria com a FAA (Federal Aviation Administration), a agência nacional de aviação civil norte-americana. Ela está sendo erguida entre os Terminais 1 e 2, terá 67 m de altura, e substitui a mais antiga, que opera sobre o Terminal 2. Além da Torre, a FAA ganha novo edifício de escritórios com três pavimentos, cujas obras deverão estar concluídas até 2015.


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APROXIMAÇÕES SIMULTÂNEAS
O internauta que procurar vídeos de aproximações para San Francisco poderá assistir a imagens fantásticas de pousos simultâneos para as cabeceiras 28L e 28R. As pistas paralelas tem separação longitudinal de apenas 225 m, bem inferior aos 760 m exigidos pela OACI (Organização da Aviação Civil Internacional) para operações simultâneas. Porém, trabalhando sob a orientação da FAA, o aeroporto opera aproximações simultâneas para as pistas paralelas, desde que em condições visuais, ou no modo de Precision Runway Monitor (PRM) / Simultaneous Offset Instrument Approach (SOIA), tendo como fator condicionante a visibilidade não inferior a quatro milhas (6.400 m) e o teto mínimo de 1.600 pés (490 m).

Projetos da futura área de embarque "E" do terminal 3 revitalizada e da nova torre de controle com 67 m de altura

ESTATÍSTICAS
(2011)

Passageiros
40.810.141

Aeronaves
403.564

Carga aérea
335.378 (t)

Com boa visibilidade, o controle de aproximação (TRACON) libera aproximações por ILS, tanto para a cabeceira 28L como para a 28R e assim o aeroporto atende a uma média de 60 pousos a cada hora nas duas pistas. Com visibilidade marginal, este número teria que ser reduzido à metade, já que as aproximações só poderiam ser liberadas em uma das cabeceiras. Com o sistema de Precision Runway Monitor (PRM) / Simultaneous Offset Instrument Approach (SOIA), o TRACON consegue liberar mais pousos. Neste caso, alguns aviões aproximam por ILS na cabeceira 28L, enquanto outros descem um pouco mais afastados, numa leve trajetória em diagonal (LOC offset de 3.01º com Glide Slope), convergindo para um ponto a 3,4 milhas da cabeceira onde, se a tripulação avistar a pista, deve completar a aproximação final monitorando visualmente o outro tráfego que pousa na cabeceira 28L; e, se não avistar, inicia o procedimento de aproximação perdida. Quando for informada que o aeroporto trabalha no regime de Precision Runway Monitor (PRM) / Simultaneous Offset Instrument Approach (SOIA), a tripulação deve utilizar o VHF-1 para se comunicar com o controlador do TRACON, que na área de San Francisco tem o call sign de "Norcal Approach", uma abreviação para "North California"; e por meio do VHF-2 ela monitora a frequência do operador responsável por fiscalizar as aproximações PRM, que poderá entrar em contato com a tripulação caso a aeronave esteja em trajetória errônea, causando perigo na aproximação do outro avião que pousa na pista paralela.

San Francisco também opera decolagens simultâneas a partir das pistas paralelas, desde que as trajetórias não gerem conflitos.

Uma aeronave pode decolar, por exemplo, da cabeceira 28R com curva à direita para interceptar a radial 342 do VOR San Franscisco no perfil da carta standard de saída (SID) "Quiet Three", enquanto outro avião decola da pista 28L, mantendo o rumo de decolagem até a posição Senzy para em seguida curvar à esquerda e interceptar a radial 151 do VOR Point Reyes, cumprindo o perfil da SID "Offshore Six".

Monotrilho oferece nove estações, com paradas nos terminais, nos edifícios-garagem, no atendimento para locação de automóveis e na conexão com trens metropolitanos

As cabeceiras mais utilizadas para aproximação são a 28L e a 28R, já que ambas oferecem aproximações por instrumentos de precisão, com ILS Cat. I na cabeceira 28L e ILS CAT. II e CAT. III na cabeceira 28R. No lado oposto, as cabeceiras 10R e 10L oferecem apenas procedimentos por aproximação do tipo R-NAV. San Francisco ainda opera outras duas pistas paralelas, que cruzam as duas principais formando uma espécie de "x": a 1L/19R e a 1R/19L, com procedimentos de aproximação do tipo R-NAV para as cabeceiras 19R e 19L, ou ILS CAT. I para a cabeceira 19L. Não há procedimentos de aproximação para as cabeceiras 01R e 01L já que o terreno no entorno é bastante acidentado, sem margem de segurança para a execução de uma aproximação direta. O aeroporto está construído ao nível do mar, com elevação de apenas 13 pés (4 m), porém, a MSA (altitude mínima de segurança) varia entre 3.500 e 5.100 pés (1.050 m e 1.550 m)num raio de 25 milhas (40 km)do VOR do San Franscisco.