O programa BARS

Procedimento padrão para avaliação de risco pode reduzir inconsistências operacionais tanto de táxis-aéreos quanto de operadores privados no Brasil

Por Carlos Eduardo Pellegrino Publicado em 02/10/2014, às 00h00 - Atualizado em 03/10/2014, às 00h40

A Associação de Transporte Aéreo Internacional (Iata) possui desde 2001 um programa de auditorias em segurança operacional, batizado como Iosa, com o objetivo de avaliar de uma maneira uniforme e global os requisitos previstos no Anexo 6 da Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci). No Brasil, ele é mandatório para empresas que efetuam voos regulares1 para o exterior. Com a mesma visão, a Flight Safety Foundation (FSF) criou o Programa Básico de Avaliação de Risco da Aviação, ou BARS, um padrão industrial estabelecido para aumentar a segurança das operações aéreas das empresas de táxi-aéreo e, também, de operações privadas.

O programa nasceu da necessidade de unificar a estratégia de auditorias de segurança operacional e gerenciamento de risco para operações em áreas remotas, criando uma ligação direta entre os controles, as ações de restabelecimento operacional e a mitigação do risco, além de buscar melhorias de desempenho operacional, tomando como base os requisitos da autoridade de aviação civil.

O BARS possui uma linha de ação de duas dimensões: a auditoria de processos e a revisão operacional. Por meio dessa estratégia verifica-se se os controles estão disponíveis e se eles são operacionais dentro do ambiente de trabalho. A figura abaixo apresenta graficamente uma síntese desta proposta3.

O programa é baseado em dois documentos. O primeiro é o manual com os requisitos da norma e suas definições, voltado para o processo de auditoria. O segundo é o guia de implantação, que descreve como a norma deve ser aplicada na empresa aérea. Os documentos, nos idiomas inglês, francês e espanhol, estão disponíveis no site da FSF, em http://flightsafety.org/bars/bar-standard.

Desde 2011, foram executadas 31 auditorias na América do Sul. Elas beneficiaram 13 operadores aéreos, dos quais cinco foram elevados ao nível ouro, nenhum deles no Brasil. Dentro das 1.110 não-conformidades apontadas nessas auditorias, as cinco principais foram:

•    Inadequados planos e procedimentos de respostas a emergências;
•    Falta de treinamento em sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional;
•    Falta de sistema de relatórios de perigo ou de incidente;
•    Falta de auditoria de segurança operacional como parte do SGSO;
•    Falta de objetivos definidos para as métricas de desempenho do SGSO.

Diante do sucesso do programa mundo afora, entramos em contato com o vice-presidente de Programas Globais da FSF, o especialista em segurança operacional Greg Marshall, que também acumula o cargo de diretor geral do programa BARS. Segundo ele, a estratégia poderia ser aplicada no Brasil, incrementando a segurança operacional das empresas e permitindo à Anac atuar de modo mais regulatório do que fiscalizador, sobretudo na aviação geral.

Referências

1 - ANAC - Resolução nº 18/2008, disponível em http://www2.anac.gov.br/biblioteca/resolucao/RA2008-0018.pdf, acessada em 15 de setembro de 2014.

2 - As informações sobre o programa IOSA da IATA estão disponível em http://www.iata.org/whatwedo/safety/audit/iosa/Pages/index.aspx, acessada em 15 de setembro de 2014.

3 - Flight Safety Foundation - BARS Implementation Guide - Figura 2 - disponível em http://flightsafety.org/bars/sites/flightsafety.org.bars/files/upload/BIG%20Version%205.pdf acessada em 15 de setembro de 2014.

Flight Safety Foundation Programa Básico de Avaliação de Risco da Aviação BARS Associação de Transporte Aéreo Internacional