Por Edmundo Ubiratan e Ernesto Klotzel Publicado em 22/02/2015, às 00h00
Ele foi cobaia de uma experiência em um trenó movido a foguetes, provando a possibilidade de um homem sobreviver após ser ejetado em alta velocidade. Em 10 de dezembro de 1954, o coronel John Paul Stapp, conhecido médico aeroespacial, foi propelido sobre a pista de testes de alta velocidade Holloman, a bordo do trenó foguete 1 “vento sônico”, a uma velocidade de 632 milhas/hora, conquistando o título de “o homem mais rápido da Terra”. A velocidade do trenó impulsionado pelos foguetes combinada com a parada quase instantânea de 1,4 segundo submeteu Stapp a um esforço superior a 40 vezes o da gravidade, equivalente ao de colidir com um muro de tijolos a 50 milhas/hora. As forças que castigaram Stapp lhe causaram hematomas, bolhas e cegueira temporária. A finalidade deste experimento era a de verificar qual a velocidade limite para a ejeção segura de um piloto. Ele provou que, voando a 35.000 pés, a uma velocidade duas vezes maior do que a do som, um piloto poderia suportar o impacto do vento se tivesse de ejetar. Embora contasse com muitos voluntários para o teste, o próprio Stapp preferiu realizá-lo, pois não desejava submeter alguém a uma situação potencialmente tão perigosa: “Tenho espírito missionário”, ele declarou na ocasião. “Assumi os riscos para obter informações que serão úteis para sempre, riscos assim valem a pena”. As pesquisas de Stapp também originaram novas medidas de segurança observadas hoje, como os cintos de segurança. Ao mostrar o quanto um ser humano pode suportar quando contido por dispositivos de retenção, Stapp tornou-se um defensor dos cintos de segurança, para todos os carros. Ele também se envolveu em muitos experimentos que usavam bonecos instrumentados para testes de impacto, para verificar como os esforços afetam o corpo humano. Passados mais de 60 anos do recorde, o trenó foguete sobre trilhos ainda é utilizado para testes aeronáuticos, de munições, eletrônicos e aerodinâmicos. Testes de ejeção representam 14% de todos os realizados com o trenó. As experiências de Stapp permitiram utilizar trenós “aeromédicos”, e o que chamam de “manequins”, muito parecidos com os bonecos utilizados em testes de impacto, porém, mais avançados, incluindo dispositivos para a medição de forças verticais impostas pelo assento ejetável durante os teste com o trenó.