Rogerio Prado, CEO da PAX Aeroportos, comenta o futuro e os investimentos previstos para os aeroportos do Campo de Marte e Jacarepaguá
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 09/08/2023, às 12h00
O CEO da PAX Aeroportos, o executivo Rogerio Prado, tem planos audaciosos para os aeroportos Campo de Marte, em São Paulo, e Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Localizados em áreas centrais das duas principais capitais do país e com vocação para a aviação geral, os dois aeródromos tiveram suas concessões para a iniciativa privada neste ano.
O PAX Aeroportos está ligado à gestora de recursos XP Asset Management, que faz parte do grupo XP. Segundo Rogério Cardoso, foi aberto um fundo de private equity, o XP Infra IV, que respondeu pela captação de investimento em infraestrutura. “Há muito tempo, a XP já havia olhado a infraestrutura e investindo em energia e transportes. Para este projeto [de assumir o Campo de Marte e Jacarepaguá], o grupo identificou a oportunidade, fez uma parceria e venceu. A partir daí foi criado um background com pessoal de experiência em aeroportos”.
Hoje, a XP atua como acionista e a PAX responde ao fundo com liberdade dentro da governança corporativa de montar a estrutura de gestão de aeroportos. Nesta entrevista, o CEO da PAX Aeroportos detalha como pretende incrementar as operações em ambos os aeroportos que acaba de assumir.
Rogerio Prado: A XP vem olhando há muito tempo a infraestrutura, investindo em energia e transportes. Para este projeto [de aeroportos] ela identificou a oportunidade, fez uma parceria e venceu. A partir daí foi criado um background com pessoal com experiência em aeroportos. Hoje a XP atua como acionista [da PAX Aeroportos] e busca montar uma estrutura única de aeroportos. É um momento interessante.
Eu acredito que a XP viu em sua análise de risco uma baixa competitividade, um baixo interesse por este leilão e ela [empresa] viu que seria um projeto interessante, mesmo com as polêmicas. Temos a oportunidade de explorar outras questões. Estes aeroportos, principalmente Jacarepaguá, são explorados comercialmente há muito tempo pela Infraero. Estamos cientes das dificuldades de ambos aeroportos, comuns em qualquer aeroporto, principalmente em uma malha urbana. Não é muito diferente de Congonhas e Guarulhos. Por exemplo, no Campo de Marte temos uma operação gigantesca da Polícia Militar, isto é um atendimento à população de São Paulo e aqui [aeroporto] isso se torna um ecossistema. Temos alguns fabricantes e representantes de fabricantes de aeronaves que só estão aqui por causa da polícia. A PMSP tem uma frota gigantesca, uma operação intensa e isso faz com que empresas importantes fiquem próximo. Já no Rio de Janeiro o offshore é importantíssimo, atendendo todas aquelas empresas que fazem exploração na Baía de Santos. Apesar de serem [aeroportos] pequenos eles são projetos que dão retorno.
O mercado não é gigantesco, mas acho a competição sempre positiva.Você tem nichos dentro nichos. O mercado dá opções: não quero ter meu jato aqui ou tenho um avião menor que pode operar aqui [Campo de Marte e Jacarepaguá]. Faz parte do meu contrato aumentar a categoria do aeroporto e incluir um IFR de precisão e isso vai abrir um leque de aeronaves que hoje não operam no Campo de Marte. Congonhas sofre com problemas de slots, assim será que alguém está sofrendo com atrasos e não quer vir pra cá? Congonhas tem restrição de horário, outros aeroportos são distantes.
Você tem plano de modernizar as áreas de hangares?
Rogerio Prado: Não. Nós temos plano de criar infraestrutura, e quando falo isso é acesso do lado ar e lado terra. Assim podermos criar lotes disponíveis e prontos para fazerem hangares novos. A ideia básica é criar áreas novas de hangares e infraestrutura visando todo o mercado de interesse.
O potencial para carga estamos tentando entender se terá algum potencial, com volumes expressos e [cargas] rápidas. Esta não é nossa prioridade, mas identificamos algumas operações deste tipo em outras localidades com aeronaves pequenas, então pode ser um cliente. Eu acho que os jatos médios, quando tivermos com IFR, têm potencial e talvez seja o grande nicho, tem bastante demanda. Os jatos médios capturam algum eventual tráfego aéreo de Congonhas.
Faz parte do meu contrato aumentar a categoria do aeroporto e incluir um IFR de precisão e isso vai abrir um leque de aeronaves que hoje não operam no Campo de Marte.
Acho que isso deve acontecer e estamos atentos a isso. É difícil dizer o que vamos fazer, mas estamos falando com atores do setor e estamos tentando mapear o que é feito lá fora. A ANAC tem trabalhado para regular. Acho que no começo será uma operação parecida com helicóptero e acredito que [o eVTOL) vai acontecer. Tem muita coisa acontecendo, gente trabalhando, muitos atores e são bilhões investidos. O investimento força a busca de soluções.
O PAMA tá fora da nossa área, podemos conviver perfeitamente bem, isto não está em nosso radar. O aeroclube faz parte deste ecossistema, a formação dos pilotos. É importante, daqui nascem entusiastas e pilotos. Vamos dar todo o apoio e entender as necessidades. O que temos que pensar é se precisar ficar aqui no Campo de Marte.
De maneira geral algumas melhorias já foram mapeadas. Faremos toda a parte do lado ar, por exemplo, no Campo de Marte, com o IFR será necessária mais uma taxiway. Toda a equipe está engajada para realizar estudos. Acredito que não teremos problemas de PCN, mas temos outros problemas que queremos resolver, como a drenagem aqui do aeroporto, quando chove acaba alagando. Trabalhamos também na homologação dos PAPIS. Sobre os pátios, poderemos ter a ampliação. Já no aeroporto de Jacarepaguá estudos estão sendo feitos para viabilizar futuras melhorias.